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Metaphor: ReFantazio – Análise da Central

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Metaphor: ReFantazio tem muito legado por trás. É uma nova franquia, eu sei, mas tem Katsura Hoshino, de Persona, na função de diretor, com os companheiros de longa data Shigenori Soejima e Shoji Meguro a bordo também. Bom, deixa eu explicar melhor… Metaphor: ReFantazio é o novo JRPG desenvolvido pela Atlus, publicado pela SEGA, conhecida pelos jogos da série Persona. O jogo foi criado pelos mesmos desenvolvedores de Persona 3, Persona 4 e Persona 5. Com uma fórmula característica e diferentes temas sociais, esses três jogos foram os responsáveis por firmar a Atlus como um dos estúdios mais marcantes e expressivos do mundo dos JRPGs. E, segundo os próprios desenvolvedores, toda essa experiência e vivência dos últimos anos os moldaram para chegar em Metaphor: ReFantazio.

Parece inevitável que Metaphor: ReFantazio seja tão semelhante com Persona e, claro, Shin Megami Tensei. De certa forma, parece familiar, como um novo filhote nascendo da ninhada dos JRPGs da Atlus, mas, em outras, acrescenta um toque distinto e único. Pois, por mais que Metaphor: Re:Fantazio parecesse um primo distante de Persona, ele passou o mesmo tempo entregando uma nova releitura do que esse estilo de JRPG poderia ser.

Nós da Central Xbox recebemos o jogo em antecipado da SEGA, com um prazo confortável para que eu pudesse jogar e trazer a minha opinião sobre o jogo, antes da data de lançamento em 11 de outubro. E só para adiantar um pouco as coisas: estamos diante de um novo e impactante marco nos jogos do gênero e, sem sombra de dúvidas, testemunhando a Atlus atingir o seu ápice em potencial e entrega.

A história de Metaphor: ReFantazio é uma jornada épica, rica em fantasia e mistério. Em um nível de escala absurdo, principalmente para o padrão da Atlus.

O jogo começa questionando o que “fantasia” significa de fato, e o que a fantasia pode afetar — e até mesmo se tornar — na realidade. Então, ele pede seu nome. Não o do protagonista, veja bem, mas seu nome. A partir daí, é um pouco de entrega de informações e detalhes. Tudo começa com o protagonista, um jovem herói que se vê envolvido em uma missão crucial para salvar o reino. Ele é acompanhado por Gallica, uma fada que o guia e o auxilia ao longo de sua jornada. O herói tem uma voz neste jogo, o que é uma agradável mudança de ritmo e direção; ouvi-los falar com outros personagens em diálogos adiciona um pouco de vida ao nosso avatar do jogo e cria alguma distância textual entre o jogador e o personagem de uma forma que eu particularmente gosto muito.

Metaphor tem um mundo sombrio e hostil fora das cidades e muros, onde bandidos e monstros sempre procuram presas. E mesmo dentro de sua capital, sua sociedade repleta de classismo e discriminação mostra que nenhum lugar é realmente seguro. Metaphor deixa isso claro assim que você chega à Capital Real nas horas de abertura, mostrando como a pobreza, o racismo e o militarismo ditam a vida em todo o reino. O reino está sob a ameaça de uma maldição antiga que transformou o príncipe em uma estátua de pedra. O protagonista, desconhecendo sua verdadeira origem, descobre que ele é a chave para quebrar essa maldição.

Metaphor: ReFantazio mergulha profundamente em temas de redenção, sacrifício e a luta entre o bem e o mal. A mitologia do jogo é rica e detalhada, com referências a lendas antigas e criaturas fantásticas. A narrativa também explora conceitos de tempo e destino, adicionando camadas de complexidade à história.

À medida que o nosso protagonista avança em sua missão, ele descobre mais sobre seu passado e seu verdadeiro papel na luta contra a maldição. A trama é repleta de reviravoltas emocionantes e revelações chocantes que mantêm os jogadores envolvidos do início ao fim.

Metaphor possui um looping de gameplay similar ao da franquia Persona: lidar com restrições de tempo, navegar por restrições de viagem e usar o calendário para traçar um curso. Dias e noites permitem as mesmas distrações que um jogo Persona pode permitir, e diferentes NPCs povoam o mundo em horários diferentes. Durante o dia, podemos pegar uma nova missão secundária de um personagem que provavelmente se tornará um elo social; à noite, passamos um tempo falando com um membro devoto de uma religião perseguida, ganhando maior compreensão do que importa para eles. Decidir o que fazer a cada dia, e no dia seguinte, e no dia seguinte, é um estilo de tomada de decisão que pode ser divertido. Cada experiência com o jogo pode ser diferente.

Pessoalmente, acho que funciona. É uma reviravolta interessante no sistema de calendário de Persona, com a ruga adicional de viagem e distância física. O planejamento e a rota se tornaram realmente importantes; passar um dia indo a uma cidade pequena para pegar um ingrediente raro não valia a pena, mas se essa cidade ficava no caminho para uma masmorra que eu queria limpar, agora estou matando dois coelhos com uma cajadada só.

Aliás, tons de Persona e Shin Megami Tensei são bem de se ver aqui. As “virtudes reais” são como traços de personalidade: Coragem, Sabedoria, Tolerância, Eloquência e Imaginação abrem testes de conversação. Em um caso, deduzi o melhor curso de ação com um personagem graças à minha Sabedoria. Foi legal ver o teste abertamente reconhecido pelo jogo, em vez de escondido até que eu escolhesse minha escolha de conversação.

O sistema de combate de Metaphor é complexo e um tanto imersivo. Os jogadores podem personalizar seus personagens com uma variedade de armas, armaduras e habilidades especiais. O combate é baseado em turnos, permitindo que os jogadores planejem suas estratégias com antecedência. Cada personagem tem suas próprias habilidades únicas, e a combinação dessas habilidades é essencial para derrotar os inimigos mais difíceis. Assim como em Persona, cada membro do grupo em Metaphor tem um despertar induzido pela adrenalina que os abre para poderes sobrenaturais, literalmente arrancando seus corações para se transformarem em figuras bestiais. Os membros do grupo podem equipar e atualizar uma grande variedade de arquétipos para alterar suas estatísticas, magia e equipamento. Use um arquétipo o suficiente e ele pode potencialmente melhorar para uma forma ainda mais forte. Embora minhas opções de arquétipo fossem limitadas no início do jogo, ainda encontrei maneiras de otimizar meu grupo ao meu gosto.

Apesar de ser, em tese, um jogo de combate por turnos, Metaphor possui mecânicas que acrescentam mais dinamismo aos combates. Como a possibilidade de acertar golpes furtivos que podem acrescentar um considerável dano extra antes da batalha iniciar de fato, como também podem aniquilar os inimigos sem mesmo precisar adentrar em uma arena de combate de fato. O jogo também possui um botão de esquiva, que eu ignorei no começo, mas que se tornou essencial quando os inimigos começaram a telegrafar ataques furtivos que me fariam começar o combate na defensiva se o golpe acertasse. Eu poderia ter escolhido apertar o botão Y para ir direto para a luta por turnos com esses inimigos, mas meu ego era grande demais para deixar passar a oportunidade de infligir dano extra.

Mas Metaphor se destaca mesmo é em suas inspirações artísticas devido ao seu estilo visual impressionante. Ele continua o jeito Persona 5 de estilizar fortemente cada aspecto. Isso inclui tudo, desde os personagens até os efeitos especiais e até mesmo os menus, que preciso admitir que são um espetáculo a parte. As transições suaves nas batalhas para as fontes exclusivas e a arte dos personagens ricamente detalhada nos menus são extraordinárias.

Mas mesmo com tanta magnitude e escala impressionantes, Metaphor não está livre de pequenas falhas e alguns técnicos. Assim como qualquer jogo. Durante as minhas quase 65 horas de jogo, pude perceber muito serrilhamento na imagem. É como se o jogo não tivesse um filtro para que isso fosse ocultado, dando a impressão constante de estarmos vendo diversos granulados sobre a nossa imagem, prejudicando em partes a resolução do jogo. Para termos de comparação, no início desse ano nós tivemos o lançamento de Persona 3 Reload (título que lançou direto no Game Pass, inclusive), que se fizermos uma comparação direta, é um jogo mais nítido e um tanto mais polido visualmente do que Metaphor. Sim, eu sei que o tamanho e escala de cada jogo são amplamente distintas, mas ainda assim é estranho que o projeto mais ambicioso da Atlus não tenha tido esse cuidado. Claro, tudo isso pode ser corrigido com um patch no dia do lançamento, mas eu preciso ser justo e analisar o jogo da forma que eu o recebi, não em como ele vai ser.

Entretanto, se Metaphor peca por esses pequenos detalhes técnicos, ele compensa (e muito) com uma belíssima direção de arte. A arte visual, assim como todo o jogo, é claramente inspirada nos jogos Persona, com um estilo que mistura elementos de fantasia e mitologia. Os personagens são desenhados com grande atenção aos detalhes, com expressões faciais realistas e movimentos fluidos. Metaphor é um verdadeiro espetáculo visual, graças ao talento da Atlus e do Studio Zero.

A música de Metaphor, composta por Shoji Meguro, também é digna de aplausos. A trilha sonora é cativante e complementa perfeitamente a atmosfera mágica do jogo. Com trilhas marcantes e viciantes que eu estou bem ansioso para serem disponibilizadas nos aplicativos de música para que eu possa ouvir enquanto realizo minhas tarefas do dia-a-dia.

No final das contas, seria um tanto bobo dizer que Metaphor não é apenas um Persona de alta fantasia épica, apenas para terminar esta peça ainda fazendo comparações. Mas fato é que Metaphor se baseia em muito legado e forja seu próprio caminho de design para a frente. As restrições de tempo estão aqui, mas com um toque novo. As batalhas ainda são familiares, mas têm seu próprio sabor, com um conjunto de mecânicas que parecem antigas e novas, mas todas próprias. Até mesmo ter o personagem principal formando laços, mas não preso a nenhum namoro ou romance, é uma reviravolta inovadora. Além de ser o segundo lançamento do estúdio a chegar já no lançamento com localização em português brasileiro, que por sinal, está muito bem feita e respeita o material de origem, mantendo o tom rebuscado das falas e os termos específicos desse universo.

Eu nunca fui um grande aficionado por JRPGs, para ser sincero, comecei a adentrar mais nesse mundo desde que isso se tornou algo profissional para mim. E desde então, com a mente aberta, pude viver experiências que me surpreenderam positiva e negativamente. Ao finalizar Persona 3 Reload no começo do ano eu notei que a série poderia atingir novos patamares se usada em um contexto diferente. E o contexto aqui em Metaphor é um drama de fantasia política violenta. A estrutura diária e a mecânica de simulação social construída em torno de um RPG baseado em turnos são tão familiares, mas foram reformuladas de várias maneiras pequenas, mas impactantes, e está se moldando para ser uma maneira brilhante e sinérgica de explorar uma ficção inteiramente nova e fascinante no conforto de uma estrutura que eu já conheço.

As ideias originais em Metaphor são tão boas que eu queria que ele fizesse mais para se diferenciar de Persona. Ele carrega bem sua inspiração de Persona 5, ao mesmo tempo em que traça seu próprio caminho. O combate híbrido, o conteúdo secundário digno e o estilo de arte incomparável o tornam muito mais do que o Persona medieval. E assim como o quinto jogo da série Persona, esteja pronto para ter dezenas, ou melhor, centena de horas da sua vida engolidas por Metaphor: ReFantazio. Mas com base em tudo em que eu disse até aqui, acrescento um pouco mais: investir o seu tempo aqui é um sacrifício que vale a pena pagar.

Metaphor: ReFantazio evolui tudo o que a Atlus fez de bom nos últimos anos, ao mesmo tempo em que adiciona novidades que podem vir a ser a nova tendência nos jogos do gênero. Com uma trama que vai mais direto ao ponto, com uma história mais séria, densa, abordando assuntos delicados e, quem diria, atuais.

Estamos perante ao melhor jogo da Atlus, um dos melhores e mais impactantes do seu gênero nos últimos anos. E um seríssimo candidato ao prêmio de melhor jogo do ano.

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Gui Marques
Gui Marqueshttps://centralxbox.com.br
Redator, apaixonado por filmes de terror, HQs e música ruim. Jogador e defensor do Xbox nas horas vagas.
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