analise-perception
Um game que tropeça em sua própria ideia
Antes que vocês comecem, de maneira nenhuma quis fazer um trocadilho com o título acima. Perception, game indie da The Deep End Games (BioShock, Dead Space), traz uma personagem central que é deficiente visual e que vai em busca de respostas para parar de ter tantos pesadelos e “visões”.
Partindo do princípio que estamos falando de um jogo que não teve tantos investimentos, Perception passa a impressão de ser um game inacabado. Seria leviano da minha parte, no entanto, dizer que não há potencial aqui, mas a experiência que tive não foi nada boa. Vamos à análise.
O jogo
Você tem a opção de escolher se Cassie, nossa heroína, será mais falante ou mais calada durante o gameplay. Eu optei, erroneamente, em escolher para que ela fique mais quieta. Talvez seja necessário jogar novamente com ela no outro modo, mas, a princípio, uma Cassie falante daria um pouco mais de dinamismo ao jogo.
Por ser cega, Cassie precisa de uma bengala para se locomover e, ao tocar nos objetos, ela consegue detectar onde estão e por onde andar, como se fosse um morcego fazendo uso dos seus raios supersônicos. Mesmo com esse artifício, não vimos Cassie se embaralhar em nenhum momento ao entrar na mansão em que se passa boa parte da trama. Estranho.
Um recurso que ajuda – e muito – é o sexto sentido. Essa habilidade de Cassie deixa o game mais linear, porém, tira bem o desafio. Basta pressionar o LT (L2 no PS4) para que Cassie sinta onde está o próximo objetivo. Suas memórias estão sempre com um tom de verde na tela, o que também ajuda na progressão.
O desafio maior em Perception, talvez, é ficar o maior tempo possível sem bater a bengala. Quanto mais barulho você fizer, mais “inimigos” aparecerão para te assombrar. É bem verdade, que, caso a coisa comece a ficar ainda mais feia, alguns locais estão estrategicamente colocados para que você se esconda.
Por ser um jogo sem muita ação, Perception deveria ter um roteiro mais chamativo, que te prendesse mais, ou um gameplay mais interativo. O jogo é extremamente preguiçoso e passa a sensação de ser inacabado. Um maior envolvimento com o personagem, aqui, poderia dar um feeling melhor. Mas, nem isso. Jogar Perception pode ser uma experiência bem insossa, com picos esporádicos de emoção, no caso, os sustos.
Certa vez, Lars Ulrich, baterista e cofundador do Metallica, disse que a vida é uma inteira decepção, com raros momentos de felicidade. Pode ser assim ao jogar Perception.
Gráficos e Som
O jogo está localizado para o português, mas nem todas as falas estão no nosso idioma e muitas delas estão sem legenda, falha grave e que pode atrapalhar boa parte dos jogadores.
Mesmo com essa adversidade, é importante se lembrar de cada mensagem, que pode ser recebida em seu celular no game, ou em cada registro de áudio que está espalhado pelos cômodos da mansão. O avanço depende muito disso.
Os gráficos até que são bacanas e se encaixam na proposta do game. O problema é que o jogo inteiro é no escuro e isso cansa um pouco – muito.
O ponto alto de Perception, porém, é na atmosfera criada com os efeitos sonoros. Tudo é muito bem encaixado e cria um clima de suspense e aflição que poucas vezes vi em um jogo. Sensacional.
Conclusão
O que salva Perception é sua curta duração. Em cerca de seis horas o jogo está concluído. De positivo, fica a ambientação e efeitos sonoros. O restante merece ser revisto e até relançado ou retrabalhado.
*O autor optou por não dar notas a esta análise.
Perception já está disponível no Steam por R$39,99, na Microsoft Store por R$45,00 e na PlayStation®Store por R$70,50.
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