Eu sou um grande jogador de baralho, e passei ótimos momentos disputando partidas dos mais variados jogos de com amigos e diferentes pessoas por aí, e dentre os mais populares como Truco, Buraco, Roba-Monte, Paciência, Black-Jack, um dos que eu mais curtia jogar era o Poker (não UNO, ein!), famoso jogo onde a combinação de cartas é vital para seu sucesso.
Já testei diversos jogos de Poker por aí, já joguei e jogo presencialmente em Casinos ao redor do mundo, e já testei uma variedade deles através dos aplicativos para smartphones. Sempre que eu posso, tem uma partidinha rolando por aí. Aliás, como uma dica, se você também curte jogar esse carteado, baixe Prominence Poker, gratuito no Xbox.
E como a vida é uma caixinha de surpresas, a poucos dias me deparei com uma série de postagens na interwebs (X), a respeito de BALATRO, jogo que apareceu como uma espécie de ‘Zebra’, na premiação do The Game Awards para Game of the Year (GOTY/Jogo do ano).
A questão é que eu não fazia ideia do que era BALATRO, e mesmo com pouco ou nenhum interesse, acabei pesquisando para entender do que se tratava. Para meu “espanto” descobri que esse é um jogo de baralho – focado na repetição (e vício) – que apareceu como indicação prêmio de melhor jogo do ano de 2024 (dentre outros).
Antes de qualquer coisa, gostaria de pontuar que não tenho absolutamente nada contra o jogo BALATRO, ou o fato dele ser indicado a prêmios, pelo contrário. Essa é a premissa de todo desenvolvedor, um dia ver o seu sonho receber grandes prêmios e assim, atingir um grande sucesso. Já por outro lado, quem me conhece sabe que eu não tenho nenhum interesse (quiçá respeito) pelo evento The Game Awards em si, e como não estou aqui para falar dele – e sim do BALATRO, vamos pular para o que interessa.
Antigamente, o TGA aplicava uma metodologia de que para um jogo participar da premiação de GOTY, deveria conter algumas características únicas, como a questão cinematográfica, história, visuais e etc. … e durante o curso dos anos de premiação, vários jogos do XBOX foram negados a participar, por não apresentar tais pontos – como é o clássico caso de Forza Horizon 5, lançado em novembro de 2021, e mesmo com seu imenso sucesso, ficou de fora porque (pasmem!) não oferecia uma história ou conceito cinematográfico.
Você pode perguntar “Mas Leozera, se você não liga para premiação, o porque está fazendo esse alvoroço neste artigo?”. E você pode estar coberto de razão, mas quando um assunto vem a tona, é difícil ver a comunidade do Xbox, que sente grande peso por nenhum jogo do Xbox participar da grande premiação desde que o evento foi criado.
Eu falei que não ia entrar na questão do “porque” não gosto do The Game Awards, mas o fato do BALATRO está concorrendo, reativou essa discussão que transcende o objetivo do prêmio e do evento. Vamos lá, rapidão!
O TGA se vangloria por ser O EVENTO de premiação de jogos – o único no mundo por sinal. Eles se rotulam como o OSCAR da indústria, ditando a regra de que os jogos ali indicados e premiados são os que você deve ou não considerar na sua atividade do dia-a-dia. Esse fato por si só já me deixa total desmotivado para ver prêmios, até porquê, quem deve definir se um jogo é bom é você, e não uma pessoa que trabalha muitas das vezes para gosto próprio. Vira e mexe tem alguma notícia estranha sobre o TGA, e esse ano mesmo, a direção mudou a regra do NADA para incluir DLC’s e conteúdos adicionais de jogo para que pudessem concorrer em qualquer área. Isso foi nitidamente criado para incluir a expansão de Elden Ring na premiação. Vergonha!
Enfim, voltando ao BALATRO, achei estranho um jogo de baralho, desenvolvido por um estúdio praticamente independente, estar concorrendo ao GOTY, mesmo sabendo que a Direção do TGA só colocava jogos com cinematografia e uma história comovente (digno de filmes de Hollywood), e ai, para sanar minha dúvida se o jogo É BOM OU NÃO, eu o comprei, e resolvi mergulhar de cabeça nele, para tirar minha própria conclusão.
Se você já teve experiência com jogos de Poker, vai se habituar rapidamente com BALATRO, se você nunca jogou, terá uma experiência nova e única moldada nos desafios que o título oferece. Mas é na questão replay (repeteco) que ele brilha. Os desenvolvedores de BALATRO foram além da regra básica do Poker e incluíram todas as suas ideias para tornar este um único jogo, e eu acho que deu certo, mas … não é simples assim.
BALATRO é uma tela estática, com visual amigável, e comandos fáceis de serem executados, tudo fluiu com tranquilidade, e não demorou pra eu ver que direcional direito do controle se torna espécie de mouse. Ao jogar a primeira vez, fui me deparando com uma série de explicações vindas de um mascote, que te guia através de toda interface e mecânicas do jogo, e após algumas partidas, comecei a entender do que o jogo se tratava, uma espécie de Roguelike de baralho. Basicamente, você começa a partida e precisa atingir um valor mínimo de pontos, e para isso, terá que fazer as famosas combinações de Poker, como o Flush, Full House ou Straight – além de outras – combinando oito cartas que estão disponíveis na mesa. Você terá um número X de turnos e um número Y de descartes que poderá fazer durante o percurso, se ambos acabarem é Game Over e ai precisa começar tudo de novo, como um bom roguelike.
BALATRO não se prende as regras do Poker, e permite você usar da sua audácia e criatividade para tentar se beneficiar do que o jogo oferece. Se você seguir o feijão-com-arroz, com certeza não irá longe, mas se prestar atenção nas ‘brechas’ que o jogo oferece, conseguirá evoluir com uma certa facilidade, até que o sistema jogue contra você.
O objetivo em BALATRO é chegar até o Ante número 8. Entenda Ante como o número de fases que você precisa passar para chegar até o nível do ‘Chefe’, e ao sair com a vitória passa para o próximo Ante. O detalhe é que cada etapa do ante pode conter três ou mais missões, onde você deverá bater o valor da rodada, começando em 300 pontos, e subindo muito mais conforme você for navegando pela partida.
Ao bater o valor exigido na fase, você recolherá uma quantia em ‘dinheiro do jogo’, que poderá ser utilizada para a questão mais importante e o DNA de BALATRO: A compra de ‘vantagens’. Quando você vence os turnos, é levado ao Shop, onde poderá melhorar sua campanha, adquirindo cartas coringa, pacotes especiais e vouchers, e cada um deles terá uma função vital para te ajudar (ou não) durante a evolução da sua partida.
Por exemplo, as cartas coringa te dão modificadores de pontuação para que você possa melhorar ainda mais a sua coleta ao posicionar um jogo na mesa ou descartar o baralho durante as partidas. Você poderá ter até cinco cartas coringa em atividade, mas poderá desbloquear outras cartinhas marotas que ampliaram seu deck de cartas permitindo adicionar ainda mais.
Já os pacotes especiais, são muitos, e essas ‘figurinhas’ são uma espécie de reforços para que você possa utilizar durante a partida caso a coisa tenha ido para um lado muito ruim. Os pacotes de reforços são divididos em vários, desde pacotes base, até os especiais, e cada um deles proporciona uma série de benefícios. Ao abrir o pacote de figurinhas “você poderá receber cartas no estilo Tarot, Planetário ou Espectral, e cada um desses oferece reforços que vão desde melhorar o seu multiplicador ao fazer uma combinação X, até dar a chance de você alterar o naipe de cartaz que tem em mão.
Conforme você evolui – e perde – o jogo te dá novas vantagens para iniciar uma nova luta com um ‘poder’ diferente. Por exemplo, ao iniciar a primeira vez, você terá um baralho vermelho, que te dá a vantagem de ter +1 descarte adicional. Ao desbloquear novos baralhos, você terá acesso a outros que te dão +1 turno por partida, ou mais dinheiro para começar o jogo e por ai vai.
Eu não vou contar todos os detalhes do jogo, para não tirar a beleza de você descobrir mais sobre o título, mas num geral é isso. Como comentei, a beleza de BALATRO é o fator repetição. É você começar a partida, tentar chegar ao Ante mais longo, e se perder começar tudo de novo, só que agora, com muitas novas cartas coringa, novos pacotes de figurinhas e vouchers disponíveis para você otimizar melhor seu deck de cartas, montar sua estratégia de jogo, e evoluir para chegar ainda mais longe.
O jogo até que simples, e sua simplicidade o torna viciante, e eu como um bom apreciador de jogos Indies (e simples), curti muito as mais de 15 horas que coloquei em cima desse título, mas, já tenho a sensação de que será mais um que ficará no meu intenso backlog, não por ser um jogo ruim, mas por não ter me cativado ao ponto de eu querer investir horas e mais horas no fator replay. Não é um jogo de Poker, é um jogo que usa a temática do Poker para criar esse cenário desafiador do mundo do roguelike.
Agora, quem sou eu para dar prêmio (ou nota) a algum jogo, eu simplesmente jogo e passo a minha opinião, e se alguém tem que decidir se é bom ou não, são vocês, através de uma votação limpa e aberta. Mas num geral, é de chocar ver que o TGA agora, colocou o título como esse para concorrer a um prêmio que eles mesmos sempre defenderam com unhas e dentes, só aceitar as melhores e mais caras produções em jogos, com uma história cinematográfica, digna dos melhores filmes já feitos pela galera que comanda o mundo.
BALATRO, pode (e deve) ganhar qualquer título que participar, desde que sua participação seja justa com as regras e enquadramentos atribuídos, mas para mim, tem alguém que está tentando levantar um troféu na base do grito.
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