Ontem foi um grande dia, certo? Finalmente a Microsoft se manifestou e apresentou seu novo plano para suprir a proposta que a CMA bloqueou na sua primeira análise da compra da Activision Blizzard.
A Microsoft se manifestou através de uma postagem oficial de Brad Smith, o Presidente da empresa, que explicou de forma rápida sobre o novo posicionamento da empresa. Em seu post no blog oficial da Microsoft, Smith explica que o novo formato atende prontamente os interesses e preocupações do regulador do Reino Unido.
Logo depois da divulgação da Microsoft, Sarah Cardell, Diretora Executiva da Competition and Markets Authority (CMA), comentou hoje em entrevista a @CNBC sobre a decisão do Reino Unido de abrir uma nova investigação no acordo proposto pela empresa para comprar a Activision Blizzard.
Depois de ver muitas perguntas, dúvidas e discussões na ‘interwbis’, me tranquei no calabouço, contatei meus analistas de plantão, e extraí o máximo possível de informação e explicação para passar pra vocês. Espero que curtam!
O fato é, o CMA bloqueou a compra da Activision Blizzard, se apegando no fator jogos em nuvem (Cloud Gaming), e com isso, a Microsoft teve que se adaptar ao formato para poder proporcionar algo melhor. Na nova ideia, a Ubisoft, será responsável pelos direitos de licenciamento dos jogos EM NUVEM da Activision Blizzard em escala global, e isso ficou muito confuso para muita gente. Vamos por partes!
Do lado do CMA, Sarah se demonstra mais animada com o momento. Em determinada parte da sua entrevista, ela diz de forma clara que hoje, o CMA cancelou o acordo original – que era de bloqueio – para receber o novo acordo que parece ser muito mais adequado para o que esperam.
A Ubisoft será a ‘subsidiária independente’ – que o Michael Pachter tanto comentou nos seus vídeos – a empresa será responsável por negociar de forma exclusiva as licenças da ATVI fora da EUROPA, UK, Noruega, Liechtenstein e Islândia. É altamente provável que a Microsoft já tenha feito uma oferta à Ubisoft para pagar a eles US$ XXX por ano, e a Ubisoft pagará à Microsoft o valor presente de algo menor pelo prazo do acordo.
Michael Pachter comentou que se alguma empresa aparecer oferecendo mais do que a Microsoft está pagando, a Microsoft perderá títulos da Activision no Game Pass. É improvável sem um grande base de assinantes, mas é possível.
Pachter ainda comenta que arriscaria que a Ubisoft pagará uma garantia mínima de US$ 100 milhões por ano e a Microsoft se comprometerá a pagar US$ 120 milhões por ano pelos direitos exclusivos fora do EU e UK. Ubisoft fica com os direitos dessas duas regiões.
A Microsoft então tem o direito de oferecer jogos da Activision dentro do Game Pass na EU e UK, portanto os direitos da Ubisoft não valem muito, mas é importante como subsidiária. O resultado aqui é que a Microsoft fecha o acordo e a Ubisoft ganha uma grana.
O CMA agregou valor ZERO, e não protegeram de forma alguma os consumidores. A Microsoft ainda poderá licitar pelos direitos exclusivos dos títulos da Activision em qualquer lugar do mundo e estruturou a “venda” para a Ubisoft com base no custo projetado nas licenças.
Na prática, o acordo será fechado em 18 de outubro, mas como o período de comentários termina em 1º de setembro, o acordo pode ser fechado antes de 30 de setembro, e provavelmente até 15 de setembro.
Os consumidores estão obtendo PRECISAMENTE o que teriam obtido no início; Jogos da Activision Blizzard acessíveis em todos os consoles e PC, mas oferecidos Day One no Game Pass. Sim, eles PODEM ter acesso a esses jogos em outro serviço concorrente, mas é improvável que isso aconteça tão cedo. A Sony por exemplo não oferece SEUS PRÓPRIOS jogos no PS Plus, então é improvável que pague muito (ou nada) pelos direitos dos títulos da Activision. Espero que o resultado seja que a Microsoft pague por dia/data em todos os lugares, e outros paguem MUITO MENOS pelo acesso alguns meses depois.
Pachter comenta também que, além de observar o quão estúpido o CMA é, esse atraso não resultou em quase nada. A Microsoft sempre esteve disposta a disponibilizar CoD em plataformas concorrentes, e tornar os títulos da Activision “disponíveis” para serviços de jogos em nuvem concorrentes foi uma solução fácil.
O ponto crítico era que a CMA sentia que não podia confiar na Microsoft para fazer isso sozinha. Ai que entra a Ubisoft, que NÃO bota o risco de a Microsoft desistir. DEVE haver uma garantia da Microsoft e uma garantia menor e compensatória da Ubisoft.
Repetindo, a CMA NÃO Agregou NENHUM VALOR, mas foi capaz de dar o braço a torcer e fazer com que uma grande corporação beijasse seus pés. As partes alcançaram o resultado certo, mas em vez de desmembrar (ou abandonar) o Game Pass no Reino Unido, desmembraram os jogos em nuvem da Activision de forma global.
E aí, o que acharam? Conta pra gente nos comentários.