Chegou a hora de se conectar num mundo a parte!
Scorn, desenvolvido pelos sérvios da Ebb Software e publicado pela Kepler Interactive, é um jogo de aventura de terror atmosférico em primeira pessoa ambientado em um universo de pesadelo e coisas estranhas inspirado nas obras dos artistas visuais HR Giger e Zdzisław Beksiński.
O jogo foi projetado em torno da ideia de estar “isolado e perdido dentro de um mundo onírico“, onde você deverá explorar diferentes áreas interconectadas de maneira não linear. Sim, é um título bizarro e de tirar o fôlego, e grande parte de seu DNA, oferece uma experiência intensa, e que vai te puxar pra dentro de algo insano.
AVISO: Esse artigo é uma leitura livre de SPOILERS, pode seguir sem medo!
Scorn apresenta um dos mais impressionantes visuais já criados, e o pessoal da Ebb Software desafiou os padrões atuais do gênero, trabalhando nos menores detalhes para tornar o seu desejo de ‘passar rapidamente por aquela situação’ algo que pode te deixar completamente desnorteado.
A ideia desse artigo não é proporcionar uma análise, e sim, transparecer a minha opinião para aqueles que ainda pretendem ou vão jogar esse título.
Scorn não foi feito para todos, e sim para quem gosta do obscuro, do grotesco, de uma ambientação destorcida da realidade que conhecemos, de ser tirado da zona de conforto, de passar por momentos de angústia sem saber o que estará te esperando na próxima esquina, e nada disso era algo que poderíamos prever. Scorn é algo que faz falta no mercado de games, e é absolutamente fabuloso, ainda mais chegando Day One no Game Pass.
Paredes que parecem tendões e vigas que lembram ossos, camadas de pele que se pendem pelo teto, máquinas esqueléticas alimentadas por partes intestinais e controladas por consoles com vasos sanguíneos industriais. Até as partículas de poeira flutuando na luz esfumaçada e opaca das lâmpadas em forma de olho se movem de uma maneira não natural. Já viu isso antes? Não né!
Seu personagem entra em Scorn nu e ignorante, e se torna seu espelho como jogador. O jogo não possui interface amigável, e nada, nem ninguém tem nome ou codinome … pra ter uma ideia não existe nenhum diálogo, registro de missões ou mapa. Não existem objetivos óbvios a serem concluídos ou metas a serem alcançadas, o foco é continuar em frente um corredor por por vez, resolvendo os quebra-cabeças que em sua maioria, você só vai entender depois de tentativa e erro.
Scorn não é um jogo onde um gamer super talentoso em COD, Battlefield, Fortnite, APEX etc vai ter um incrível sucesso; o título pede por jogadores que queiram ser desafiados. Memorização, exploração, tentativa e erro, encarar desafio, passar por apertos, tudo isso junto e misturado.
Scorn não é um jogo que requer habilidade, e sim, atenção e inteligência.
Um exemplo clássico que sempre uso: Eu não curto Dark Souls / Elden Ring, mas não posso deixar de parabenizar por suas temáticas incríveis, gameplays fantásticos e um DNA único, o problema é que eu simplesmente não consigo jogar. Não consigo me adaptar no estilo de luta/exploração do jogo, não combinou comigo, e adoro ver pessoas se divertindo nesse estilo ‘soulslike‘ que até certo tempo, era ultra-nichado entre gamers.
É exatamente ai que Scorn entra; algo novo, que surgiu pra te tirar da sua zona de conforto, pra te proporcionar desafios que você não estava esperando, e em cima disso tudo, te colocar na pele de um protagonista que te transmite muito desconforto, é como se você estivesse na pele do próprio personagem, é BIZARRO!
Os quebra-cabeças são difíceis e muitos deles vão te tirar do sério, e por um momento questionando se não seria mais rápido pegar uma dica por ai na Internet. NÃO FAÇA ISSO. Descobrir como solucionar os puzzles de Scorn, está no mesmo níve para aqueles que gostam de descobrir como matar um boss num ‘soulslike‘; é uma sensação incrível não é mesmo?
Precisa ter paciência e observar muito, estudar seu próximo passo, entender o caminho e como o solucionar.
Scorn é um jogo que desde sua concepção no Kickstarter, tinha uma premissa diferente, foi explicado como um jogo de exploração de terror atmosférico, sendo pertubador em suma. Apesar do jogo se passar em primeira pessoa, ficou muito claro que muitos por ai, se confundiram com o aspecto e denominação FPS, presente em shooters como Warzone. Não, Scorn não é um shooter, e apesar de te proporcionar momentos onde você pode (e deve) utilizar suas diferentes armas para se defender e matar os poucos inimigos presentes, depois de entender a proposta e comportamento, preferi fazer uma passagem Stealth, quieta e oculta pelo mapa, sempre que possível.
A arma é uma adição inteligente dentro do jogo, e não só um objeto letal.
Quando estava próximo já ao final do jogo, senti uma grande mudança de comportamento em mim mesmo. Senti a angústia e desespero do protagonista, como se eu mesmo estivesse na pele dele. Me contorcia, expremia os olhos, e passava a mão na cabeça num claro ato de desespero por estar assistindo algo que jamais havia sentido antes.
Na minha opinião, Scorn é uma experiência de arte e para mim, o apelo do jogo se baseia em como ele me fez sentir as coisas ao invés como ele me fez pensar para chegar ao objetivo final. Senti uma ansiedade constante e contagiante por simplesmente existir em seu mundo macabro.
Quero muito ver outros títulos similares chegando as plataformas, afinal numa época em que os jogos estão sendo expremidos ao máximo, ter algo que te mantenha fora de uma atmosfera comum, é mais do que bem-vindo.