Em Mirror’s Edge Catalyst você Corre incessantemente, supera obstáculos (fáceis, difíceis ou MUITO difíceis), salta de prédios de 20 andares e, neste meio tempo, combate uma estrutura política e social que preza pela opressão e pelo controle do que você pensa, fala e vê.
Mirror’s Edge Catalyst
Parece alguma cena de um filme independente com temática da famosa distopia de George Orwell, “1984”, certo? Errado. Estamos falando de Mirror’s Edge Catalyst, franquia editada pela EA e que recentemente chegou ao mercado para dar à você a sensação de como seria correr como um louco, saltar como um louco e ainda ser o responsável pela ruptura de um sistema social tirano e controlador.
O primeiro episódio da franquia foi lançado originalmente para Xbox 360 e foi um estouro! Com um estilo visual diferenciado, temática única e proposta nada convencional, o título foi recebido com surpresa no console antecessor da Microsoft. Infelizmente tinha algumas falhas: pecava muito mais pelas dificuldades na sua execução do que pelo seu conceito.
Após alguns anos na geladeira, em 2014 a EA decidiu reformular o clássico de Xbox 360 e anunciou o lançamento de Mirror’s Edge Catalyst. O jogo não seria uma continuação mas sim um reboot do original, tendo a missão de introduzir a franquia nos consoles de nova geração.
O resultado dessa investida você confere agora.
A CAMPANHA
Esqueça tudo o que você viu no jogo anterior. As únicas coisas que permaneceram para este título foram Faith, a protagonista e personagem controlada por você, algumas das personagens secundárias e a história de fundo do jogo.
Em Mirror’s Edge Catalyst você assume o controle de Faith, uma jovem recém-liberta de um reformatório juvenil que fora capturada em uma missão de entrega. Estas missões, aliás, são a maior parte do gameplay e abordaremos com mais detalhes um pouco adiante.
Para que você saiba um pouco mais sobre a história: Faith atua como uma “runner”, ou corredora. Nos eventos anteriores a Mirror’s Edge Catalyst a família de Faith foi assassinada durante uma onda de protestos contra o governo. Após uma série de acontecimentos (um pouco mais detalhados na história em quadrinhos Mirror’s Edge: Exordium) ela decidiu se juntar aos corredores, principalmente após ter sua sentença de prisão reduzida através da intervenção de Dogen, um dos líderes do grupo. Ao se juntar, você será “colega de equipe” de Icarus, outro jovem corredor que disputa com você a atenção de Noah (corredor que te passará as instruções durante a maior parte do tempo). Principalmente em função da sua atuação como corredora a maior parte das ações ocorrem dentro deste pano de fundo: seu envolvimento para derrubar o sistema político que governa a cidade.
Entre idas e vindas, a história principal só se desenrola mesmo quando você tiver cumprido cerca de 40% das missões principais e termina com plot twists até certo ponto previsíveis. Apesar das falhas de roteiro, cumpre bem seu papel e deixa o jogador com gostinho de quero mais.
Grande parte das missões do jogo se resumem a correr do ponto A ao ponto B para falar com alguém, invadir algum local com alta segurança ou então, realizar uma entrega. Durante a maior parte da campanha, poucas foram as missões realmente interessantes e que fizeram com que nos sentíssemos recompensados pela tarefa de correr e saltar pelos arranha-céus da cidade.
Neste último ponto precisamos fazer uma observação importante: o titulo se propôs a reformular toda a proposta do jogo anterior. No original para Xbox 360 você realizava missões e aos poucos avançava na história, como em um jogo single player comum. Nesta versão de Mirror’s Edge Catalyst, o jogo funciona como um SandBox com missões primárias (que te fazem avançar na história) e diversas missões secundárias.
A grande maioria das missões secundárias que serviriam para o jogo mais dinâmico são missões de corridas de ponto a ponto, entrega de objetos ou de furtividade. Apesar de existirem em abundância nos passou a impressão de “mais do mesmo”. Infelizmente, neste ponto o jogo peca por tentar inovar mas, objetivamente, não apresentar nenhuma novidade em relação a títulos semelhantes já lançados.
MULTIPLAYER
SIM! Mirror’s Edge Catalyst conta com partidas multiplayers. Poucos jogadores, entretanto, perceberam esta funcionalidade.
Em termos gerais, as partidas multiplayer funcionam de forma dessincronizada. Duas são as modalidades de interação existentes no game: time trials com percursos pré-definidos dentro do mapa, porém, tendo como referência o tempo que outros jogadores realizaram; e o que foi chamado no jogo de “Beat Locations”, que são nada mais do que formas de indicar percursos realizados por outros jogadores dentro do cenário.
Apesar de acrescentarem um pouco de fator replay ao título, pela limitação o recurso acaba por cair no esquecimento durante a execução da campanha. Na maioria das vezes você passará direto por algum local com ponto de interação multiplayer, justamente pela sua condição de repetição.
JOGABILIDADE
Aqui está a principal relação de amor e ódio entre os jogadores de Mirror’s Edge Catalyst.
Primeiro falemos das experiência de jogo: Elas cumprem seu papel de forma brilhante! Você realmente se sentirá imerso no jogo e com a adrenalina correndo nas veias todas as vezes que estiver executando as diversas manobras de parkour pelos arranha-céus e por dentro dos prédios. É extremamente viciante e de tirar o fôlego correr pelo cenário e se sentir livre para realizar cada uma das mirabolantes propostas de corridas.
De forma complementar, o jogo te oferece duas maneiras de encontrar o melhor percurso possível: a primeira é através de um guia virtual, uma espécie de Google Glass acoplado à visão de Faith, destacando em vermelho o melhor caminho que você pode percorrer para realizar aquela trilha. A segunda é para os mais experientes, pois, ao desativar o recurso de guia virtual, apenas alguns objetos pelo cenário brilharão para te indicar o caminho. De forma geral, é bastante intuitivo realizar todo o percurso e chegar ao seu objetivo.
Os comandos de luta são simples e intuitivos. Bata com um botão, mais forte com outro. Desvie para o lado e aperte o comando de chute para desferir golpes laterais. Salte e chute para derrubar seu oponente com um violento golpe no tórax. As mecânicas de luta são adequadas para o título e deixam a sensação de combate na medida. O grande problema é que a grande maioria das batalhas ocorrem fora dos percursos principais e em quantidade que nos pareceu insuficiente. Não foi raro terminarmos missões sem encontrarmos um único oponente no meio do caminho.
Pausa para uma observação importante: Foi frustrante jogar com a configuração que os comandos foram apresentados. A marcação inicial te colocava para pular apertando o LB e combater com RB e RT. Para alguns jogadores isso não seria um problema, mas para a grande maioria dos players o recomendável é a mudança para o mapeamento alternativo (com pulos e interações nos botões ABXY). Segue nossa dica: isso te evitará alguma frustração durante a partida.
Inicialmente, você será capaz apenas de pular, correr apoiado às paredes e realizar pequenas sequências de habilidades. Para se desenvolver, ao longo do jogo é possível “comprar” novas habilidades através de uma espécie de “árvore” utilizando-se de pontos acumulados todas as vezes que você cumprir determinados objetivos. Isso aumenta um pouco o fator replay e de quebra te dá algumas conquistas desbloqueadas.
Um ponto que nos incomodou sobremaneira foi a quantidade de loadings que o jogo possui. Em todas as trocas de missões, carregamento de CGs, reinicio de missões ou simplesmente alteração de percursos o jogo carregava uma tela. E infelizmente, elas eram longas. Em alguns momentos chegamos a desistir de tentar uma missão secundária novamente pelo fato de sua dificuldade nos obrigar a repetir a missão algumas vezes e com a quantidade de carregamentos a experiência se tornar cansativa.
Agora precisamos destacar algo importantíssimo: Durante a maioria do gameplay o jogo corre a 60fps. E isso faz uma diferença absurda! Na maioria dos percursos você precisará de uma fração de segundos para executar o comando corretamente e o fato do jogo correr de forma sólida durante a maior parte do tempo temos aqui um fator que contribui de maneira bastante positiva para a sua experiência de jogo.
De uma forma geral, o jogo se compensa entre acertos e tropeços e grande parte dos jogadores terão uma experiência de jogo satisfatória.
GRÁFICOS
Neste ponto Mirror’s Edge Catalyst acerta e falha ao mesmo tempo. Calma, calma! Não estamos sendo contraditórios nesta afirmação.
Mirror’s Edge Catalyst nos proporciona em alguns momentos cenas extremamente detalhadas, texturas em alta definição e muito bem polidas e efeitos visuais de cair o queixo. Em outros, vemos um jogo que parece ser da geração passada.
Como o título, diferente do jogo original, possui uma proposta de ser mundo aberto, em grande parte dos cenários o que vemos são prédios brancos ou espelhados, poucos locais coloridos e alguns outros com texturas. A sensação que tivemos ao experimentar o título foi a de um grande vazio. Várias e várias vezes os cenários foram reutilizados durante as missões (mesmo em locais diferentes) e isso criou uma impressão de tédio e talvez um pouco de relaxamento dos desenvolvedores.
Isso nos leva a crer que efetivamente houve uma opção do time de desenvolvimento: quando foi possível, o jogo foi refinado para apresentar uma beleza gráfica estonteante e te encantar com alguns dos gráficos mais bonitos dessa geração (e acreditem, são realmente bonitos), mas durante boa parte do gameplay foi necessário sacrificar essa beleza para manter o jogo funcionando. Então não se assuste se, ao longo de uma missão, você se sentir jogando um título para Xbox 360 pela grande quantidade de serrilhados, texturas em baixa qualidade e cores desbotadas.
Mirror’s Edge Catalyst está disponível na Microsoft Store por: R$170,00.