Como fã de Bleach, esperei ansiosamente por Bleach Rebirth of Souls. Afinal, depois de anos sem um grande jogo da franquia, a expectativa estava lá no alto. Mas será que ele realmente entrega o que os fãs tanto queriam? Será que a espera de quase 14 anos valeu a pena?
Desenvolvido pela Tamsoft e publicado pela Bandai Namco, Bleach Rebirth of Souls traz de volta o universo criado por Tite Kubo em um jogo de arena 3D, com foco nas batalhas dinâmicas e um modo história que busca recriar momentos icônicos do anime e do mangá. A promessa é clara: reviver a emoção de Bleach nos videogames.
No papel, tudo soa incrível. Mas, na prática, Rebirth of Souls se revela uma verdadeira montanha-russa. Em alguns momentos, parece um presente dos deuses para os fãs. Em outros, você se pergunta: “Sério que lançaram o jogo desse jeito?” Mas com um orçamento visivelmente limitado e um lançamento cheio de tropeços, até que ponto essas falhas comprometem a experiência? Vamos descobrir.
Lançamento CONTURBADO
Bleach Rebirth of Souls foi lançado em 20 de março para PC e no dia 21 para consoles, mas chegou cercado de polêmicas. No PC, os problemas foram tantos que rapidamente dominaram as discussões sobre o jogo. Entre os erros mais relatados estavam falhas graves, como o jogo simplesmente não rodar, personagens sem textura, travamentos constantes e até a ausência de som em certas situações.
Na Steam, as avaliações atualmente estão neutras, mas no dia do lançamento a recepção foi um verdadeiro desastre – uma enxurrada de comentários negativos e reclamações tomou conta da página do jogo. E não era para menos. Bleach Rebirth of Souls chegou a preço cheio, gerando uma expectativa de um produto bem polido, mas o que os jogadores encontraram foi algo muito longe disso.
Minha experiência foi no Xbox Series S e, honestamente, não enfrentei tantos problemas. Mas falarei mais sobre o desempenho e bugs em breve.
O modo HISTÓRIA de Bleach Rebirth Of Souls
A campanha de Bleach Rebirth of Souls cobre desde a ascensão de Ichigo como Shinigami no Arco Ceifador de Almas Substituto até o confronto final contra Aizen no Arco Arrancar. Além disso, o jogo promete explorar “histórias secretas” de diversos personagens, revelando momentos que ajudaram a moldar suas personalidades. Mas, na prática, essas histórias extras não passam de cutscenes mostrando diferentes pontos de vista, como os de Sado, Rukia, Yoruichi e outros, seguidas de batalhas. Para os fãs da lore de Bleach, pode ser um complemento interessante, mas nada que revolucione a experiência.
Agora, vamos ao que realmente interessa: o modo campanha principal. E já adianto, se você espera algo no nível de Naruto Storm ou Dragon Ball Z: Kakarot, é melhor baixar suas expectativas. O jogo reconta a trama de Bleach de forma resumida, dividindo os eventos em capítulos para cada arco.
O funcionamento é simples: você assiste a uma cutscene que apresenta os eventos da história, e essas cenas variam entre animações 3D com personagens gesticulando (de forma bem limitada) ou “slides” que são basicamente imagens estáticas com narração por cima.
O problema? A falta de polimento nessas cenas 3D é gritante. Texturas em baixa qualidade, resolução inconsistente, serrilhados aparentes e animações muitas vezes… questionáveis. Um dos exemplos mais bizarros é uma cena inicial da Rukia correndo pela rua em direção a um Hollow, e chega a ser assustadora de tão mal feito.
Mas nem tudo é ruim!
Durante a campanha, as batalhas trazem uma boa dose de variedade. Além dos confrontos entre personagens icônicos, você também enfrentará Hollows de diferentes tamanhos, incluindo criaturas gigantes, o que adiciona uma dinâmica interessante aos combates. Essas lutas ajudam a quebrar a monotonia e capturam bem a sensação de perigo e grandiosidade do universo Bleach.
Confesso que, no começo, seguir a história foi um verdadeiro teste de paciência, com os problemas técnicos saltando aos olhos. Mas, à medida que avançava, fui cada vez mais imerso nessa jornada nostálgica. Os diálogos são tão bons que, em vários momentos, me peguei ignorando os defeitos e apenas aproveitando a experiência. No quadro geral, esse modo é um abraço caloroso nos fãs, e apesar das limitações de orçamento, o carinho e respeito à obra original estão lá.
Modo Versus
O modo Versus de Bleach Rebirth of Souls me surpreendeu positivamente em diversos aspectos. Além de ser extremamente divertido, ele apresenta uma profundidade de mecânicas rara em jogos de anime. Geralmente, nesses jogos, basta apertar um botão e o personagem faz praticamente tudo sozinho, mas aqui, não é assim!
Com um elenco de 32 personagens jogáveis, além de um personagem “secreto” desbloqueado ao completar o modo campanha (totalizando 33), Rebirth of Souls pode parecer limitado em número quando comparado a outros jogos do gênero. No entanto, essa seleção mais enxuta se justifica pela jogabilidade única de cada lutador. Cada personagem tem sua própria movimentação, poderes distintos e diferentes alcances de ataque, e essa variação é realmente incrível! A diferença entre lutar a curta, média ou longa distância é significativa, tornando cada confronto estratégico e imprevisível.
O sistema de combate é intenso e imprevisível. Pequenas brechas podem mudar completamente o rumo da batalha, com combos devastadores e poderes absurdamente fortes. E quanto mais desesperadora for a situação, mais poder você pode ganhar. É possível reverter a maré da luta, desbloqueando novas formas e novas lâminas no calor do combate.
O modo Batalha Brilha!
Desde os primeiros minutos, fica claro que o modo Versus recebeu a maior atenção dos desenvolvedores. Ele é, sem dúvida, o grande destaque do jogo, elevando a experiência de Rebirth of Souls a outro nível. A jogabilidade refinada, as animações incríveis e a variedade de estratégias fazem com que cada luta seja intensa e empolgante, mostrando um verdadeiro carinho pelo material original.
E se no começo o sistema de luta parecer confuso, bastam algumas partidas para você se acostumar. A estrutura é simples: todos os personagens possuem um “escudo” chamado Reishi, que funciona como uma barra de HP. Assim, quando você esgota uma barra de Reishi do adversário, pode desferir um golpe especial cinematográfico e único para cada personagem.
Além disso, cada lutador tem ataques rápidos, fortes e um golpe especial acionado pelo botão “B” do controle, que varia completamente de personagem para personagem. Também é possível realizar dashes para encurtar a distância, teletransporte para trás do adversário (limitado por uma barra), agarrões para quebrar defesas e, claro, disparar os icônicos ataques espirituais, consumindo energia espiritual.
E, como na obra original, os personagens também podem ativar o “Awakening”, um estado de despertar que os torna mais fortes e rápidos, com animações simplesmente incríveis. Além disso, o sistema de “Ação Reversa” permite quebrar combos e defesas no momento certo, adicionando ainda mais profundidade às lutas.
Pode parecer muita informação, mas na prática, o sistema é bem intuitivo e viciante. O modo Versus não só se destaca como a melhor parte do jogo, como também mostra que, apesar das limitações de orçamento, os desenvolvedores realmente colocaram dedicação e paixão nesse aspecto da experiência. Abaixo uma batalha para exemplificar:
Aspectos Técnicos e Áudio de Bleach Rebirth Of Souls
Como mencionado no início, Bleach Rebirth of Souls apresenta diversos problemas técnicos e de polimento, como texturas em baixa resolução e animações no modo história que, em alguns momentos, são simplesmente bizarras. No entanto, no geral, minha experiência jogando no Xbox foi relativamente tranquila, sem grandes problemas de desempenho.
Mesmo com essas animações questionáveis, o estilo artístico do jogo ajuda a mascarar algumas falhas, e a dublagem japonesa — com o elenco original — eleva consideravelmente a experiência. Os dubladores entregam atuações incríveis, trazendo uma carga emocional que compensa muitas das limitações visuais.
E já que estamos falando de áudio, preciso destacar a trilha sonora de Bleach Rebirth of Souls, que é, sem exagero, uma das melhores entre os jogos de anime que já joguei. As músicas originais são empolgantes, viciantes e capturam perfeitamente a energia da série. É uma verdadeira aula para outros jogos do gênero, indo muito além do padrão.
Os efeitos sonoros também são bem executados, desde o impacto dos golpes até o som das espadas cortando o ar. Além disso, um detalhe que adiciona um charme especial às batalhas é a presença de um narrador, que comenta ações importantes no calor do combate. Seja ao desferir um golpe especial ou ao realizar uma esquiva no momento exato, essa narração dinâmica dá ainda mais peso às lutas e reforça a sensação de estar dentro do universo de Bleach.
A destruição de cenários também é bem aplicada, aumentando a imersão e tornando os combates mais cinematográficos. Sendo assim, mesmo com as falhas visuais, esses elementos contribuem para uma experiência mais intensa e fiel ao anime.
Pontos positivos:
- Batalhas incrivelmente viciantes e divertidas;
- Personagens com jogabilidade única;
- Sistema de combate bem estruturado;
- Trilha sonora excepcional;
- Dublagem japonesa impecável;
- Legendas bem traduzidas;
- Modo história fiel à obra.
Pontos que deixaram a desejar:
- Cutscenes pobres em detalhes;
- Texturas de baixa resolução;
- Serrilhado visível;
- Elenco reduzido no jogo base;
- Modo online limitado;
- Ausência de dublagem em português;
- Pouca variedade de modos de jogo;
- Preço alto no lançamento.
Bleach Rebirth Of Souls vale a pena?
Bleach Rebirth of Souls é um jogo que brilha quando o assunto são as batalhas. O sistema de combate é bem estruturado, viciante e entrega momentos incríveis para os fãs da obra. É nítido que ele foi feito por pessoas que conhecem e respeitam Bleach, desde a fidelidade aos personagens até a trilha sonora impecável.
No entanto, os problemas técnicos e a falta de polimento no modo história deixam a desejar, e o preço elevado no lançamento torna a recomendação um pouco complicada neste momento. Porém, se você é um fã apaixonado e está disposto a relevar essas falhas para curtir lutas intensas entre seus personagens favoritos, pode comprar e se divertir bastante. Mas, se puder esperar, talvez seja melhor aguardar uma promoção para aproveitar a experiência com um custo-benefício mais justo.