Frostpunk 2 é a sequência do aclamado jogo de sobrevivência em sociedade desenvolvido pela 11-bit studios (o mesmo de Creatures of Ava) indicado a vários prêmios – como o BAFTA – e que definiu um gênero totalmente novo ao misturar construção de cidades com estratégia e jogabilidade de gerenciamento.
Frostpunk 2 se passa 30 anos após a tempestade de nevasca apocalíptica, durante uma época em que a Terra ainda estava sobrecarregada pela geada sem fim e pelo clima severo, e ao contrário da jogabilidade de seu antecessor, Frostpunk 2 se concentra em mais do que mera sobrevivência. O jogador assume o papel de um super administrador, e como líder de uma metrópole faminta por recursos, tem que lidar com o clima político em constante mudança enquanto o objetivo transita de puramente sobreviver para reconstruir a sociedade.
Algo que é importante citar logo de início, é que eu não joguei o primeiro Frostpunk, infelizmente o jogo não me despertou a curiosidade, e acabou caindo no limbo. Porém, quando vi as imagens do segundo jogo da série, tive uma espécie de ‘choque cultural’ e pensei, porquê não dar uma chance??
Neste caso, existem duas coisas importantes com relação a minha opinião: de um lado, você terá um conteúdo feito por um novato, alguém que nunca teve contato com a franquia, portanto, teve que passar por todos os perrengues. Logo se você também não conhece Frostpunk, estamos no mesmo barco. Por outro lado, se você é um jogador experiente, já conhece sobre este estilo, poderá entender um pouco mais a fundo, como é a experiência do novo título na visão de uma pessoa que nunca teve contato com a série.
De ante-mão, Frostpunk é um jogo bemmmmm difícil, tem até aquela ‘piadinha’ que fazem dizendo que é o ‘Soulslike‘ de construção e gerenciamento de sobrevivência em sociedade. Inclusive um amigo meu pediu pra eu não escrever isso, mas não tem jeito. Só para vocês terem uma ideia, o próprio jogo diz que suas ações requerem planejamento antecipado, e falhar faz parte da experiência. Só esqueceram de dizer que a coisa já começa difícil logo no prólogo do jogo, algo que tive que refazer umas 6 vezes só pra tentar entender o modo de gerenciamento que ele estava exigindo.
Pra quem já é experiente, o jogo te permite customizar as dificuldades ou já iniciar no modo oficial. Para ajustar o jogo, você poderá mesclar suas bases de gerenciamento (Economia, Clima, Terra Gélida e Sociedade), com as dificuldades (Cidadão, Oficial, Dirigente e Capitão), o jogo ainda te permite customizar individualmente cada base de gerenciamento em um nível de dificuldade, fino do fino.
Além disso, o jogo também disponibiliza o modo Utopia, que é o modo livre. Mesmo com esse modo disponível desde o começo, os desenvolvedores recomendam fortemente que você finalize o modo história primeiro para depois se aventurar em algo mais desafiador.
De volta a campanha, sua construção é bela, e pude observar um carinho especial por parte dos desenvolvedores com o seu detalhamento visual, que pode deixar qualquer jogador, imergir por completo na sua missão, e sentir na pele as fortes quedas de temperatura. As estruturas estão muito bem construídas e detalhadas, a direção de arte dá um show a parte, e toda a mecânica por trás desse jogo me faz questionar como funciona a mente das pessoas por trás do estúdio responsável pela obra. Aliás, o uso da Unreal Engine para contemplar o projeto foi de extrema importância, e permitiu uma qualidade impressionante no todo.
Ao iniciar sua jornada pela Nova Londres através do Prólogo, você terá que se atentar a todos os detalhes que acontecem ao seu redor sem perder tempo. O menor indício de que seus dias e semanas estão passando, fora de qualquer controle, será fatal para matar toda a população de extremo frio. Como comentei antes, eu achei que o Prólogo daria uma espécie de boas-vindas, me mostrando controles, ajudando com tutoriais, e ensinando passo a passo como analisar e administrar essa loucura da era glacial. Em tese sim, mas bem resumido, no fundo o jogo já entra com o pé no peito para que você possa começar a alinhar suas execuções para que sejam tomadas com semanas de antecedência.
Depois de tomar umas bofetadas do jogo, parei para analisar o ‘manual de instrução de iniciante’ (Tutorial) e reparei que não adianta entrar e apertar tudo quanto é botão, construindo qualquer coisa de em qualquer ordem, é preciso aprender sobre cada uma das estruturas e suas mecânicas, bem como seu impacto perante a sua partida. Falhar será natural, e quanto mais você falhar, melhor entenderá como tudo funciona.
Uma detalhe (e dica) muito importante para os iniciantes, é de pausar o tempo assim que a partida começar para que você possa fazer toda a leitura do mapa, antes de começar a tomar suas principais decisões. Se você já jogou algum tipo de jogo com o mesmo fundamento de construção e captação de recursos, verá que você terá que utilizar a sua população para trabalhar em todos os momentos do capítulo. Seja para quebrar o gelo, construir uma refinaria ou dobrar turnos, sua população terá papel mais que fundamental nessa etapa.
Pós Prólogo, você já terá aprendido lições importantes e fundamentais para sobrevivência, e estará pronto para dar sequência como um todo … só que não. Cada capítulo, um novo desafio é incorporado, e como se já não bastasse ter que administrar energia, petróleo, carvão, recursos e alimentos, prestar atenção na temperatura como um todo, no humor da galera, você terá que lidar com situações políticas e sociais perante a sua civilização. Imagine que em algum momento, você terá que se reunir perante o conselho, para discutir leis e fazer o seu melhor para atender interesses sociais e econômicos, no meio de uma era glacial. E pasmem, eles vão votar se você continua ou não como líder da sociedade, caso contrário é game over.
Frostpunk 2 é um jogo que me deixou ‘encafifado’. No primeiro momento fiquei impressionado com a sua qualidade e visual, mas conforme fui evoluindo na missão, fui ficando frustrado por não entender o que estava fazendo errado. Em certo ponto, comecei a entender que era preciso estudar meus movimentos para visualizar o que eu estava fazendo, e mesmo assim, não conseguia ter sucesso. Foi aí que eu decidi dar atenção ao manual tutorial do jogo, este que é rico em informações e vai sanar várias e várias dúvidas de como tudo funciona. Mas no final, a prática levará a perfeição.
O desenvolvedor foi a fundo, e além de manter o que já tinha dado certo no primeiro jogo, implantou dezenas de novidades que você só poderá entender (e ver) durante a partida. Cada ação te joga para um caminho diferente, e as vezes, mesmo tendo total cuidado, pensando antecipado, e executando passos milimétricamente calculados, você VAI FALHAR. Aqui, deixo uma dica para que você salve o jogo em momentos ‘chave’, para assim, se falhar, voltar e continuar do momento em questão.
Num geral, você terá que lidar com diversos desafios que podem fazer que você aumente ou diminua seu laço afetivo com diferentes facções, e isso poderá contribuir para o sucesso ou fracasso da história. Se der errado, terá que começar o capítulo tudo de novo. Se você sempre quis ser síndico de um prédio, ou entender como funciona a vida de um pequeno prefeito de uma cidade, essa é a chance perfeita.
Como comentei lá no início, eu não conhecia sobre o jogo, já tive contato com títulos similares, mas nada que tivesse uma dificuldade extrema na curva de aprendizado, mas como todo jogo nichado, este não seria diferente de qualquer outro, se nunca jogou, ou teve pouco contato, não se preocupe em errar, pois é assim que você se tornará imbatível.
Demorou um pouco; tive que salvar o jogo diversa vezes … carregava … errava … carregava … errava … parava pra analisar, e no fundo, eu acho que será difícil não ter que passar por isso, uma vez que quase no final da missão, as vezes vem uma tarefa que pra você concluir com sucesso, é necessário ter começado 10 semanas atrás, aí é carregar o save de novo e já manter isso em mente para não errar.
Como todo jogo com um DNA próprio, Frostpunk 2 não é diferente, e exige comprometimento, estudo e paciência por parte de todos os jogadores. Você terá que manter olhos atentos, e checar tudo e todos ao redor do seu mapa, para ter certeza que está utilizando sua população em peso para o trabalho, produzindo as coisas certas para encerrar os objetivos, e arcar com situações extremas e arriscadas, bem como decisões complexas, tudo junto e misturado, para se tornar uma espécie de rei da civilização pós era glacial.
No final, quando você menos esperar, tcharammmm … aparece algo novo e totalmente desafiador para você ter que aprender e executar no meio do quebra pau como é o caso da exploração em outras cidades fora do alcance do seu mapa. Sim, você deverá explorar outros locais, buscar novas bases de sobreviventes, encontrar mais recursos, é uma estrutura absurda.
Pontos importantes nesse jogo: