Sobre o que estamos falando
• A Bloomberg Intelligence é uma empresa que fornece análises sobre uma variedade de setores para ajudar investidores.
• Um recente relatório descreve como o mercado de jogos em nuvem pode se expandir para se tornar uma indústria de US$40 bilhões nos próximos dez anos.
• A Bloomberg cita mercados como a Índia liderando o caminho. Juntamente com o lançamento de opções de internet mais poderosas, os jogos de console tradicionais ficam em segundo plano em relação aos jogos para dispositivos móveis na região.
• Os analistas da Bloomberg descrevem como o Xbox está pronto para liderar o segmento, mas alertam sobre a forte concorrência do PlayStation e da NVIDIA.
Um recente relatório da Bloomberg Intelligence, detalha como a Microsoft e sua divisão Xbox podem estar a um passo de ter total sucesso e controle dos jogos em nuvem na próxima década. Uma das inovações mais prolíficas da Microsoft com o Xbox nos últimos anos é seu serviço Xbox Cloud Gaming vinculado a assinatura Xbox Game Pass Ultimate. Em essência, os jogos em nuvem permitem que os usuários evitem desembolsar o valor de um console, e em vez disso, pagar uma assinatura para usar um dos servidores da Microsoft para entregar os jogos em seu dispositivo local.
Em tempo, a Microsoft luta contra as limitações da tecnologia, uma vez que mesmo com as melhores condições de conexão de internet, a distância física do usuário final até um data center pode introduzir latência ou visuais ‘pixelados’. Além disso, o Xbox Game Pass Ultimate sofreu um reajuste de preço e passou de R$49,99 para R$59,99, e se você não tem planos de usar seus recursos adicionais, pode ser um valor um pouco salgado – falaremos disso logo abaixo. Além disso, você está limitado a rodar os títulos presentes na biblioteca do Xbox Game Pass, que contém cerca de 400 jogos em uma base rotativa. No entanto, a Microsoft está prestes a corrigir essa limitação disponibilizando acesso aos jogos que você adquirir até o final de 2024.
A Microsoft está sempre expandindo sua área de atuação no data center para acomodar seus usuários e atualmente está construindo parque de servidores em várias localidades do ao redor do mundo, mas a estrutura em Hyderabad, na Índia, é o qual desperta nosso interesse para o tópico de hoje.
Para contextualizar, a Bloomberg Intelligence é uma empresa que fornece análises sobre uma variedade de tópicos do setor para ajudar os investidores a tomar melhores decisões. Recentemente, a empresa compartilhou um relatório, detalhando como ela entende que os jogos em nuvem devem se expandir dez vezes na próxima década, crescendo para uma indústria global de US$40 bilhões.
“Os serviços de jogos transmitidos em nuvem (CSG) renderam US$3,5 bilhões em receita no ano de 2023, uma pequena fração dos US$184 bilhões gerados pelos fabricantes de videogames globalmente, porém entendemos que a participação aumentará rapidamente, pois o streaming permite que os fabricantes de jogos alcancem um mercado endereçável maior que inclui dispositivos móveis, não apenas consoles e PCs. Isso será crucial para mercados emergentes, onde as pessoas dependem mais de dispositivos móveis e menos de hardware caro e físico.”
O relatório completo detalha como será a Índia, em vez dos Estados Unidos, que liderará o crescimento no segmento dos jogos via nuvem. A Índia é uma nação dominada por jogos móveis mais flexíveis, em vez de jogos de console mais tradicionais. O custo inicial de um console de videogame está simplesmente muito além do poder de compra atual de algumas regiões, o que levou à dominação quase total dos jogos móveis. A Bloomberg enfatiza que a implementação de infraestrutura de rede aprimorada em países como a Índia na próxima década pode levar a uma explosão de jogos em nuvem, devido à disponibilidade pendente títulos gigantes como Call of Duty aparecendo em serviços de jogos em nuvem.
A Bloomberg cita especificamente as tecnologias de IA como suporte às inspirações de jogos em nuvem, muito disso devido à capacidade de gerar quadros potencialmente artificiais no dispositivo local para compensar problemas de latência. A geração de quadros é amplamente esperada para desempenhar um papel importante na próxima geração de consoles e, sem dúvida, terá algum papel a desempenhar também nos jogos para dispositivos móveis. A Microsoft também está na vanguarda neste setor, comprometendo-se com processadores Snapdragon para sua linha de PC Copilot+, que vem com núcleos NPU locais para IA generativa sem necessariamente precisar aproveitar totalmente a nuvem para codificação de vídeo. Os futuros telefones, consoles e talvez até mesmo TVs terão processamento neural como padrão, potencialmente melhorando a usabilidade dos jogos em nuvem além de suas limitações técnicas atuais.
A Bloomberg espera que a Microsoft (com o Xbox) domine o mercado de jogos em nuvem com 40% do mercado, enquanto a Sony (com o PlayStation) tenham cerca de 15%, devido a diferente abordagem de conteúdos que ambas as empresas oferecem em seus serviços de assinatura.
Há uma variedade de pontos problemáticos que a Microsoft e seus colegas provedores de jogos em nuvem precisarão superar para atingir esse objetivo. Por exemplo, a Bloomberg cita o fato de a Apple ter lançado sua própria loja de aplicativos para jogos em nuvem em 2024, mas a realidade é que, a equipe do Xbox estava no tribunal na semana passada reclamando com reguladores sobre a Apple. A “abertura” da loja da Apple equivale ao que é essencialmente uma mentira, com suas taxas e regras sobre compras no aplicativo tornando o negócio inviável. O Google Play tem sido melhor, mas os regulamentos e políticas do Android do Google e do iOS da Apple levaram a Microsoft a dobrar o desenvolvimento de sua versão web do Xbox Cloud Gaming, que apresenta exclusivamente o Fortnite, já que a Epic Games também buscou evitar o histórico da Apple de comportamento anticompetitivo dos reguladores. Uma vez que a Microsoft não tem portas abertas para oferecer seus serviços de cloud gaming através do iOS, honestamente, não tenho certeza se a Microsoft pode contar com a Apple para expandir seus negócios.
A Bloomberg também projetou que em 2025 a Microsoft introduzirá níveis baseados em anúncios para o Xbox Cloud Gaming para melhorar o acesso ao serviço para clientes de baixa renda, algo que não existe previsão, mas pode acontecer. Além disso, confirmamos que a Microsoft introduzirá um nível separado do Xbox Cloud Gaming no futuro para potencialmente reduzir os custos, separando-o do mais caro Xbox Game Pass Ultimate.
O relatório também presume que a Microsoft colocará jogos como Call of Duty e Diablo em seu serviço de nuvem, mas isso pode não ser o caso por até quinze anos. O regulador de concorrência do Reino Unido (CMA) forçou a Microsoft a abrir mão dos direitos de jogos em nuvem para todos os títulos da Activision-Blizzard, dando exclusividade à Ubisoft para licenciar todas as versões de jogos em nuvem desses títulos em uma base global. No caso, foi o GeForce Now da NVIDIA que se beneficiou de oferecer versões em nuvem desses títulos. Não existem evidências que sugiram que a Ubisoft planeja fornecer acesso a esses títulos para usuários do Xbox Cloud Gaming. No entanto, dado o nervosismo recente sobre o desempenho de XDefiant e Star Wars Outlaws, juntamente com a queda do preço de suas ações, a Ubisoft pode estar mais disposta a fazer um acordo do que antes. Estamos de olho.