Matt Booty, presidente dos estúdios de jogos da Microsoft Gaming, participou do podcast “Strictly Business” da Variety na última quinta-feira. Durante o programa, Booty abordou diversos tópicos, incluindo as reações ao recente Xbox Games Showcase, a chegada de alguns jogos do Xbox para o PlayStation 5 e o fechamento de alguns estúdios.
Durante o showcase, os títulos de primeira linha DOOM: The Dark Ages, Fable e South of Midnight foram programados para 2025, enquanto Gears of War: E-Day, Perfect Dark e State of Decay 3 não tiveram anos de lançamento definidos.
Segundo Booty, isso se deve ao desejo de encontrar o momento exato para lançar um jogo, garantindo que ele não entre em conflito com outro título de primeira ou terceira linha, mencionando Grand Theft Auto 6 como um jogo que toda a indústria quer evitar.
“Nós estamos começando a atingir o ritmo que sempre aspiramos, e isso realmente é nosso compromisso com nossos jogadores, de ser capaz de entregar um fluxo mais constante de jogos em um ritmo mais previsível”, disse Booty, observando que a reação dos fãs e da imprensa ao showcase tem sido extremamente positiva, com elogios à quantidade e variedade de jogos de primeira linha mostrados e programados para os próximos anos.
Booty comentou que a Microsoft, certamente quer garantir que cada jogo tenha seu espaço e a oportunidade de brilhar, e não apenas ofuscar um jogo lançando-o muito perto de outro. Ele também comentou que o planejamento do portfólio gira em torno de garantir que as equipes não entrem em conflito com os títulos de outras empresas, mas também “para que não atrapalhemos a nós mesmos”.
Booty também observa que há interesse nas equipes de diferentes estúdios em compartilhar ideias e tecnologia, e há algumas discussões iniciais acontecendo enquanto a Microsoft descobre como facilitar isso.
A Microsoft buscará sinergia entre jogos e TV ou cinema, como com Fallout?
Quando questionado sobre sinergia de jogos com outros meios, como TV e filmes, e com o recente ressurgimento de Fallout em grande parte devido ao sucesso da série do Prime Video, Booty a elogia, mas indica que a Microsoft não está tentando explicitamente fazer esse tipo de sucesso acontecer de forma forçada.
Booty aponta os cronogramas de produção vastamente diferentes de jogos, filmes e programas de TV, e observa que tentar sincronizá-los com anos de antecedência pode ser extraordinariamente difícil e arriscado, e que é melhor simplesmente produzir esse tipo de “mídia linear” e ter isso beneficiando uma franquia existente.
Por que a Microsoft fechou estúdios da Bethesda como Tango Gameworks?
Uma das notícias mais chocantes (depois da compra da Activision Blizzard pela Microsoft), foi o encerramento dos estúdios Arkane Austin, Alpha Dog Games e a Tango Gameworks. Este último foi um choque para muitas pessoas, já que o desenvolvedor japonês de havia lançado Hi-Fi Rush em 2023 atingindo uma aclamação da crítica.
“Essas decisões nunca são tomadas de ânimo leve, nunca são tomadas rapidamente, e há muitas pessoas e processos e supervisão para garantir que estamos tomando uma boa decisão”, diz Booty ao ser questionado sobre os fechamentos, acrescentando que ele não queria compartilhar detalhes “minuciosos”, mas menciona que a Microsoft analisa a liderança nos estúdios e se as equipes estão preparadas para o sucesso no futuro, não apenas se foram bem-sucedidas no passado.
Booty também destaca que a Microsoft tem sido aberta a permitir que as equipes se tornem independentes, então, se ficar claro que as coisas não estão se ajustando bem um estúdio poderá se desvincular da empresa. Recentemente tivemos esse caso com a ex-subsidiária da Activision, Toys for Bob, que agora é um estúdio independente, embora o primeiro jogo da equipe seja um projeto publicado pela Xbox.
Sea of Thieves no PlayStation 5 e futuros exclusivos do Xbox
Em 2024 nós vimos a Microsoft Gaming lançar quatro títulos exclusivos de console Xbox em outras plataformas. E diante de tudo isso, Booty observa que o principal foco e sucesso da Microsoft tem sido com Sea of Thieves, uma aventura pirata em mundo compartilhado desenvolvida pela Rare.
Quando questionado sobre o que isso significa para futuros exclusivos do Xbox, Booty reitera que as equipes estão avaliando os jogos para outras plataformas “caso a caso”, acrescentando que os jogadores do Xbox podem absolutamente continuar a esperar que muitos jogos sejam lançados como exclusivos, e que a “promessa do Xbox” de que todos os jogos de primeira linha do Xbox chegarão ao Xbox Game Pass continuará a ser verdade.
“Temos estado muito satisfeitos”, diz Booty, observando que quando Sea of Thieves foi lançado no PlayStation 5, as equipes viram um aumento no engajamento dos jogadores no Xbox e no PC, além de compartilhar que um grande número de jogadores do PlayStation estava desfrutando do jogo no cross-play. Esse sucesso cresce a franquia como um todo, segundo Booty, permitindo que as equipes da Rare e da Xbox continuem a investir no jogo.
Num geral, esse foi um podcast muito interessante, e
acredito que as respostas de Booty dão muito sentido ao atual momento do Xbox, como por exemplo, fico feliz que a Microsoft não olhe para o sucesso da série de Fallout (já renovado para uma segunda temporada) e tente recriar de forma rápida esse sucesso em algum outro lugar com algum outro jogo de seu portfólio.
A colaboração entre as equipes da Xbox dispostas a compartilhar tecnologia e ideias também é algo muito importante. Embora isso já aconteça em certa forma, é sempre legal ver por exemplo, a The Coalition trazendo seu ‘know-how‘ e ajudando em projetos de outros estúdios da casa.
Sei que muita gente vai torcer o nariz, mas eu gosto do cuidado e formato de como a empresa avalia como cada jogo deve se comportar na questão multiplataforma. Por exemplo, o próximo DOOM será multiplataforma, e para mim essa é uma ótima decisão. Agora, nem tudo será multiplataforma, jogos como Fable, Gears of War: E-Day e Perfect Dark serão disponibilizados apenas no ecossistema do Xbox.
Um grande futuro está diante do Xbox.