Assassin’s Creed Mirage: uma ode ao passado!

Assassin’s Creed Mirage é uma abordagem de volta ao básico para a franquia, com a Ubisoft retornando à ação furtiva e às raízes narrativas que definiram as primeiras aventuras de Altair e Ezio. O game se passa em Bagdá e mostra a evolução de Basim algumas décadas antes de sua aparição em Assassin’s Creed Valhalla.

História Assassin’s Creed Mirage

Em AC Mirage nós assumimos o papel de Basim, personagem que desempenhou um papel secundário em AC Valhalla. Mirage se passa 20 anos antes dos eventos do último jogo, nos colocando para seguir os passos de Basim através de uma história de maioridade enquanto ele passa de ladrão de rua a um membro de pleno direito dos Ocultos, a primeira iteração dos Assassinos. Ordem fundada por Aya e Bayek em AC Origins.

No período histórico retratado no jogo, Bagdá vivencia a sua “Era de Ouro”, sendo uma das principais cidades do mundo para comércio, ciência e arte. É válido lembrar aqui que Mirage não é um RPG de mundo aberto, mesmo contando com alguns elementos de RPG dos últimos jogos, Mirage busca se tornar mais atrativo a investigação de ambientes e a fuga de combates diretos.

Em alguns momentos, o game parece até um reboot da franquia — muito por conta do mapa em menor escala. A exploração é significativamente menor do que em Valhalla ou Odyssey. A área total é dividida em quatro distritos, do Karkh industrial aos jardins exuberantes da Cidade Redonda.

E aqui deixo o meu primeiro elogio ao jogo que é sobre sua ambientação e beleza artística. Passear por Bagdá e apreciar as suas paisagens, natureza e população foi algo que me vi fazendo inúmeras vezes. Todos sabem que a Ubisoft costuma mandar muito bem quando o assunto é apresentação e representação histórica e felizmente não é diferente aqui.

Assassin’s Creed Mirage ainda conta com uma aba específica para contar a história de Bagdá, com um conteúdo muito rico que retrata desde arte e ciência local até crenças, governo e economia. O jogador vai completando esses extras conforme vai coletando cartas e manuscritos espalhados pelo mapa. Um prato cheio para amantes de história.

Os últimos três jogos da franquia se afastaram da fórmula original da franquia, oferecendo mapas extensos, uma quantidade quase infinita de missões secundárias e itens codificados por cores no estilo MMO. Embora divertidos, esses títulos tornaram-se difíceis de manejar em termos de conteúdo disponível e horas de jogo. Em resumo, os jogos se tornaram intimidador e sobrecarregados.

Em contraste disso, Assassin’s Creed Mirage volta às raízes da série com ênfase em parkour, assassinatos e furtividade. Embora a jogabilidade remeta aos títulos originais, alguns elementos de entradas recentes persistem – incluindo árvores de habilidades e mecânica de combate, mas de forma bem mais simplista e prática. Nesse sentido, Mirage oferece os melhores aspectos das versões mais antigas e mais recentes.

Bagdá, possui uma densa variedade de edifícios grandes e altos, é um ambiente perfeito para praticar parkour como um acrobata. Como nos jogos recentes, pular telhados ou subir nas laterais de edifícios é fácil. Tudo o que você precisa fazer é avançar enquanto segura o botão parkour. Mas aqui, é algo mais similar ao excelente modelo apresentado em AC Unity, inclusive o superando.

Como nos jogos mais antigos da franquia, você precisa reunir informações sobre os alvos antes de assassiná-los. E isso envolve conversar com as pessoas com informações sobre o alvo e também seguir sorrateiramente outras pessoas para ouvir suas conversas. Em certos casos, você também terá que me vestir com roupas diferentes para entrar em uma área para a qual de outra forma não seria convidado. Tudo isso é incrivelmente divertido, pois cria expectativa para o inevitável assassinato.

O jogador também conta com a ajuda da sua águia Enkidu, que funciona de forma similar aos drones que vimos em Ghost Recon Wildlands e Breakpoint, com ela nós podemos marcar guardas, baús, entradas ou demais pontos de interesses que possam auxiliar o jogador em uma abordagem ou infiltração.

Se esconder em arbustos para chamar a atenção do inimigo com assobios, usar bombas de fumaça para derrotar mais de um adversário no meio da muvuca e eliminar alvos com arremessos de facas são as estratégias mais prazerosas em Mirage — assim como também eram antigamente na franquia. Ser furtivo também é recompensador por evitar confrontos diretos, impedir que os inimigos chamem reforços e ainda preencher uma barra de foco, que permite encadear eliminações silenciosas de múltiplos alvos.

Pensando no aniversário de 16 anos da franquia, Assassin’s Creed Mirage é um jogo para os fãs das antigas. Sendo alguém apaixonado pela saga do Ezio, encontrar elementos repaginados do que me levou a virar fã da franquia é extremamente cativante e satisfatório. O jogo o limpador de paleta que a franquia precisava e que tantas outras precisam.

É fato que esse é um título que irá dividir as opiniões dentro, afinal, a repaginada que ocorreu na franquia com AC Origins lá em 2017 foi convidativa para um público totalmente novo e que adoraram o novo segmento da franquia. E os números mostraram isso com os dois títulos que vieram em seguida, sendo o Valhalla o jogo mais lucrativo da franquia.

Dito isso, tudo aquilo que pra mim foi algo glorioso com esse retorno às raízes da franquia, com foco na gameplay mais furtiva e com foco em investigações pode ser algo que será exatamente o motivo que fará com que os fãs dos jogos mais recentes torçam o nariz e deixe esse jogo de lado.

Conclusão

O jogo me trouxe de volta o sentimento e satisfação que a franquia sempre me proporcionou antigamente. Se sentir na pele de um assassino profissional e silencioso que age nas sombras sem ser visto, em prol de um bem maior para a população enquanto aprende mais sobre fatos históricos.

Assassin’s Creed Mirage talvez já se enquadre entre um dos meus jogos favoritos da franquia, mas sei que algumas pessoas podem achar que lembra muito os jogos de mais de uma década atrás. Isso poderia ser negativo, mas dados os excessos das últimas parcelas, um retorno à forma está bem longe de ser algo ruim.

Queremos agradecer a Ubi e sua assessoria aqui no Brasil por nos ceder uma cópia para que essa análise fosse produzida!