Aquela ‘puxada de freio’ desnecessária!
Agosto, o mês que parece que não acaba, se foi, e o dia 1 de Setembro nunca foi tão aguardado na vida do gamer. A data era importante para a evolução do processo da compra da Activision Blizzard por parte da Microsoft, e teria como novidade, a aprovação do CMA (Competition and Markets Authority) orgão regulador de mercado do Reino Unido (UK).
A expectativa para o parecer do CMA era positivo, uma vez que o próprio orgão regulador da Arábia Saudita, já havia sido o primeiro a confirmar seu parecer positivo no processo. Porém, o órgão do Reino Unido melou tudo, e vai precisar de mais tempo para analisar a aquisição da Activision Blizzard, uma vez que encontrou “preocupações” sobre a bilionária transação.
De acordo com o CMA, as principais inconsistências observadas foram:
- Que a Microsoft possa usar seu controle sobre jogos populares como Call of Duty e World of Warcraft pós-fusão e prejudicar rivais recentes e futuros serviços de assinatura de jogos e jogos em nuvem.
- Que a Microsoft possa aproveitar os jogos da Activision Blizzard, juntamente com a força da Microsoft em sistemas operacionais de console, nuvem e PC para prejudicar a concorrência no mercado nascente de serviços de jogos em nuvem.
- A compra da Activision Blizzard possa prejudicar os rivais, incluindo os participantes recentes e futuros em jogos, recusando-os a ter acesso aos jogos da Activision Blizzard ou fornecendo acesso em condições muito piores.
Ou seja, o CMA comentou que a Microsoft deter grandes franquias como Call of Duty e World of Warcraft, é prejudicial para os consoles rivais. Neste caso, a Microsoft deve enviar uma declaração sobre o assunto para que possam analisar outros lados. Infelizmente o órgão precisará de mais tempo para analisar a fusão, e ainda sim, se as considerações atuais não forem tratadas, deverão explorar este acordo em uma nova fase de investigação aprofundada, para chegar a uma decisão que esteja no interesse de gamers e empresas do Reino Unido.
É ai que entra o time da Microsoft, e claro, Phil Spencer
Sem perder nenhum tempo, Phil Spencer, o chefão do Xbox, publicou uma carta aberta através do blog oficial da Microsoft, respondendo o órgão regulador do Reino Unido.
Na transcrição, Spencer explicou que a aquisição da Activision Blizzard permitirá que “bilhões de jogadores sejam alcançados” em todo o mundo, independentemente de sua plataforma, e para alcançar esse objetivo, a empresa deixará os jogadores fazerem a escolha de como eles jogam seus jogos, os tornando acessíveis onde quer que queiram.
Spencer deixa claro que, a compra da Activision Blizzard, dará não só aos jogadores mas também aos desenvolvedores, maiores e melhores oportunidades para disponibilizarem seus jogos e conteúdos, para bilhões de pessoas, que a partir da assinatura do Game Pass, poderão acessa-los através de diferentes dispositivos não tornando obrigatório a compra de um console, e sim, utilizando o celular para tal fim.
Além disso, Phil Spencer deixou algumas coisas bem claras para todos:
- A Microsoft está focada em adicionar os jogos da Activision Blizzard, como o Call of Duty e Diablo, no Xbox Game Pass, algo que segundo ele irá impulsionar o aumento das comunidades desses games, principalmente por conta dos serviços de nuvem, como o Xbox Cloud Gaming.
- A Microsoft está comprometida em disponibilizar Call of Duty, Diablo e Overwatch no PlayStation no mesmo dia em que o jogo for lançado em outros lugares.
- A Microsoft continuará proporcionando que as pessoas joguem umas com as outras em plataformas e dispositivos. À medida que estendemos a loja de jogos para novos dispositivos e plataformas, garantirá que o façamos de maneira a proteger a capacidade dos desenvolvedores de escolher como distribuir seus jogos.
- Além disso, tanto Phil Spencer como Brad Smith – atual presidente da Microsoft, tranquilizaram CMA e Sony, dizendo que Call of Duty não será removido do PlayStation.
Smith pontua que a Microsoft está pronta para trabalhar ao lado do órgão regulador do Reino Unido, confirmando que não existe “nenhuma intenção” de remover o Call of Duty, que é responsável por gerar uma grande parcela da renda no PlayStation, e outras franquias das publicadoras dos consoles concorrentes.
A reação da indústria
Se do lado da Sony, e dos seus fãs, o motivo é pra se comemorar, uma vez que existe uma grande força para barrar a aprovação dessa compra, de outro lado, grandes canais, e pessoas influentes da indústria de games, fizeram seus comentários a respeito da posição da CMA.
Tom Warren, editor chefe do portal The Verge e uma das figuras mais confiáveis e emblemáticas no mercado de games – cidadão e residente do Reino Unido – comentou em um post no Twitter que depois de ler a decisão da CMA sobre a compra da Microsoft, tudo parece ter sido escrito para defender e proteger os interesses da Sony como ‘lider’ no mercado de games. Em tempo ainda questiona a parcialidade do órgão e que eles mesmos se contradizem ao apontar que não existe muita competitividade com Call of Duty.
I've read through the CMA's decision on Microsoft's Activision deal. It's written like they want to protect Sony's #1 position in gaming, while also claiming there isn't much competition to Call of Duty (?!). Millions of people still play CS:GO every day and Apex Legends is huge pic.twitter.com/Raj1rVHZUr
— Tom Warren (@tomwarren) September 1, 2022
Jez Corden, editor do site Windows Central, e um dos mais respeitados e influentes ‘insiders’ quando o assunto é Microsoft e Xbox, pontuou em um artigo dizendo que “as opiniões da CMA fogem das intenções e propostas que a Microsoft já sinalizou para evoluir com o acordo e manter as franquias como Call of Duty e World of Warcraft presentes em diferentes consoles, incluíndo proporcionar mais conteúdo para o PlayStation e Nintendo Switch.
Microsoft has responded to the UK's intent to further scrutinize the Activision-Blizzard deal for Xbox.
DETAILS: https://t.co/UCg9AAcnE1 #Xbox $ATVI $MSFT
— jez (@JezCorden) September 1, 2022
Dentre outras dezenas de canais e influenciadores, que se manifestaram na manhã de 1 de Setembro com relação a primeira resposta da CMA, a maioria esmagadora entende que a Sony vem exercendo uma grande pressão contra a aquisição, e, deixou de fazer sua lição de casa a muito tempo. A empresa japonesa, que atualmente detém liderança no mercado de games, não visa, não quer, ou prefere não entender as atuais demandas e evoluções do mercado de games.
Enquanto a Microsoft, pioneira em desenvolvimento de serviços e soluções em nuvem, se preparou por anos, construindo o Azure, responsável por segurar o tranco de todo ecossistema da plataforma, incluindo o xCloud, trazendo a proposta de jogos por assinatura, e hoje, colhe os frutos dessa visão de mercado centralizando o esforço financeiro no jogador e não na plataforma.
Enquanto a Microsoft atribui que você jogador pode escolher onde jogar, como jogar e quando jogar, utilizando uma assinatura única para acessar todos os serviços disponíveis, a Sony, se prevalece criando formas de inibir o avanço não só da gigante de Redmond, mas também da indústria por si só.
A Sony, que poderia estar engajada em crescer sua base de players, oferecendo mais e melhor, se preocupa em pagar outras empresas, para que as mesmas não proporcionem seu conteúdo no Game Pass. Enquanto isso, seus usuários são obrigados a pagar pelo console mais caro, pelo serviço mais caro, pelos jogos (que são caros), sem ter nenhum acesso a melhorias e qualidades dentro de um ambiente centralizado no jogador.
Nesse momento, sabemos que o processo de análise de compra pelos orgãos reguladores é parte do processo, e como a Microsoft mesmo determinou, tal acordo pode demorar até Junho de 2023 para se concretizar, e nós, gamers e entusiastas, estaremos esperando por esse momento de braços abertos, pois no fim, nós é quem ganhamos.