Uma enxurrada de sentimentos e uma pitada de genialidade definem este incrível game.
Desenvolvido pela Tarsier Studios e publicado pela Bandai Namco para Microsoft Windows, PlayStation 4 e Xbox One, Little Nightmares é um terror-aventura no estilo puzzle-platformer.
Little Nightmares sempre foi um título mais que aguardado, desde suas primeiras divulgações em 2016 muito se especulou sobre o game e sua inovadora temática. No seu lançamento não foi fácil conter a ansiedade de correr para o console e mergulhar no MAW (espécie de mundo paralelo), mas nós não queríamos só ter aquela primeira impressão, nós queríamos cair de cabeça, mergulhar profundamente e entender como foi construído e qual a ideia principal por trás de Little Nightmares. O Universo analisou o game e o resultado dessa experiência você confere agora.
O jogo não tem prelúdio – ou seja, nenhuma explicação do que acontece ou aconteceu para você estar ali – tudo deve ser analisado no seu decorrer.
Você assume o comando da Six, uma menininha de nove anos de idade que esta presa no Maw, um misterioso lugar que abriga criaturas que vão te fazer arrepiar dos pés a cabeça. Depois de acordar nas profundidades, Six decide que precisa escapar, e é ai que a coisa começa.
Durante sua jornada Six possui apenas um isqueiro que se torna muito útil em diversas partes da história onde a luz é basicamente nula, o acessório serve para acender lampiões que estão espalhados pelo caminho. Além disso você pode puxar e empurrar objetos além de segurar e arremessar outros.
Enquanto percorre os diversos ambientes pelo caminho Six se depara com alguns “inimigos” como o Zelador (O homem de braços compridos), os Irmãos Gêmeos (Cozinheiros), Sanguessugas, os Hóspedes e a Senhora. Cada um deles tem uma importância significativa no jogo e eleva a tensão ao máximo.
Alguns puzzles vão surgir pelo caminho, são pequenos e não tão difíceis de serem resolvidos, alias, em alguns você tropeça e faz, em outros é preciso acompanhar o raciocínio para poder se livrar do problema. Em sua grande maioria e evolução é feita na base da aflição, ou seja, viu algo de estranho CORRREEEE que tudo se resolve. Em outros casos o silêncio e a furtividade serão essenciais.
A mecânica e jogabilidade são muito simples, não existe combinações de botões, apenas correr, pular, agarrar e movimentar o personagem e a câmera.
FIM, ACABOU A ANÁLISE!
Mas espera ai Universo, só isso? Isso nem de longe é uma análise, isso é … é …
Calma gente, a análise visual do jogo está feita, mas a verdadeira análise começa agora.
Como falamos na introdução, Little Nightmares não é um jogo que pode ser analisado apenas na questão jogabilidade, gráficos e bla bla bla de emoção ou Hype, o game precisa e PEDE que façamos uma profunda investigação na sua concepção, ideia, mensagem etc.
Sabe quando você esta dormindo, e durante um sonho tem aquela sensação de que está preso e não consegue se libertar? Ou está correndo mas não sai do lugar? Ou gritando mas ninguém consegue te ouvir? Pois bem Little Nightmares consegue reproduzir todas essas sensações – e um pouco mais – em um jogo onde fazer parte da história é mais que nossa obrigação.
O mundo que em Six está presa é uma perturbadora Casa de Bonecas que ao mesmo tempo é uma prisão e um parque de diversões. Parte sonho, parte pesadelo, cada etapa através do Maw parece um salto às cegas, assim como cada sombra parece uma vasta escuridão!
A fator gráfico é de tirar o chapéu, a forma como o desenvolvedor trabalhou os cenários, a profundidade, os traços e o formato escolhido para apresentar todo o conglomerado é sensacional, de pedir BIZ, de querer terminar o jogo de frente pra trás de trás pra frente.
O jogo consegue extrair em cada um de nós a sensação de medo que tínhamos quando éramos crianças: Seja com o monstro do armário ou em baixo da cama, acordar de madrugada como se alguém estivesse no quarto, dormir com a luz do abajur acesa etc. Percorrer os cenários (que por sinal foram criados com extremo detalhismo) se torna uma tensa tarefa, ativando nossos maiores medos e segredos sombrios gravados em nossa memória.
Mas o fator que nos deixou mais boquiabertos foi o formato criado para vivenciarmos tudo isso na pele da Six. Os habitantes do Maw são no mínimo aterrorizantes; não existe um monstro, nenhum deles tem cara de bicho papão, mas foram criados e desenvolvidos para trazer a tona os medos mais profundos de cada um.
Em diversos momentos fica claro que queremos proteger Six como se fossemos seus Pais, ao dar de frente com o Zelador chega a arder a espinha do medo dele nos encontrar. Ele é um cara cego, que tem braços gigantes, fica tocando o chão, paredes e objetos com suas desproporcionais mãos para tentar encontrar onde você está, peloamordeDEUS Six FOGE.
Ai você da de cara com os irmãos gêmeos, que são os cozinheiros da bagaça, são uns gordões com um rosto meio derretido (parece que trombaram de frente um com o outro quando eram crianças), parece que não da medo, mas o que eles fazem DÁ, e da pra CARALHO!
O jeito como eles se comportam, o jeito que te perseguem, a forma como a trama foi criada é sensacional, é de ficar parado olhando só pra admirar essa obra.
Pra piorar vamos encontrar com dezenas de hóspedes, aleatórios pelo local, que só tem um objetivo: COMER! Na Psicologia comer sem parar, sem que o amanhã exista é algo que pode desencadear uma série de problemas, e o jogo conseguiu adaptar isso no seu contexto, quando eles não estão comendo, estão se tornando pessoas sombrias, em outras palavras; estão atrás de você.
O enredo do jogo é entendido ao seu final (que não vamos falar para não dar Spoilers), mas viver nas profundezas do Maw se tornou uma obsessão na vida dos seus moradores, mas não para Six, que anseia pelo dia em que poderá ver novamente a luz do nascer do dia.
Pontos Fortes
- História viciante
- Combinação gráfica
- Entretenimento
Pontos Fracos
- Loading demorado
- Problemas com a gravação do jogo