The Surge é um RPG de ação da Deck13 Interactive ambientado em um mundo devastado pela guerra e pelo aquecimento global.
O jogo oferece uma experiência hardcore, desafiando os jogadores com inimigos mortais e chefes enormes em um combate corpo-a-corpo intenso. O jogo se caracteriza por muitas mecânicas dos jogos da série “Souls” mas com algumas novidades nos sistemas de combate, loot e crafting.
Além disso o game ainda conta com um interessante sistema de progressão. O Universo analisou este game o resultado desta experiência você confere agora.
A HISTÓRIA
The Surge nos leva a uma visão distópica do futuro, 60 a 70 anos no futuro, logo após uma catástrofe de uma poderosa base tecnológica. O mundo em The Surge é, em grande parte, inspirado em questões sociopolíticas e ambientais contemporâneas.
A Deck 13 pesquisou os estágios atuais de desenvolvimentos em IA e cibernética, a fim de desenvolver os conceitos de tecnologia futura do jogo. O mundo aqui é povoado por sobreviventes humanos, não-humanos sencientes e robôs. A tecnologia pré-catástrofe avançada desempenha um papel fundamental, tanto na narrativa quanto como elemento de jogo.
O protagonista, Warren, não é um soldado, mas opta por entrar voluntariamente na iniciativa da CREO, uma poderosa empresa com base em um enorme complexo, que usa de tecnologia avançada para melhorar a vida do planeta Terra e dos seres humanos, aceitar a tecnologia protética avançada para trabalhar por um planeta melhor .
Diante de um mundo devastado por uma catástrofe ambiental e com pouca esperança, a CREO é vista por muitos como o último recurso. Com os recursos naturais ficando cada vez mais escassos e a vida no planeta cada dia mais difícil, a forte propaganda da empresa tem atraído um número elevado de pessoas prontas para sacrificar aquilo que lhes resta na expectativa de uma vida melhor.
O complexo CREO é enorme e cheio de segredos, intrigas e ameaças deformadas por um evento catastrófico. Apesar de muitos de seus habitantes não terem sido originalmente projetados para o combate, cada área abriga inimigos perigosos que, antes da catástrofe, trabalhavam ali.
Armado com equipamentos industriais letais, você deve arriscar tudo para explorar, pilhar e sobreviver. Explore vastas áreas mecânicas, mergulhe em passagens subterrâneas tóxicas e suba até os níveis executivos para descobrir exatamente o que aconteceu no CREO através de mensagens de áudio, diálogos de sobreviventes e histórias espalhadas pelo ambiente.
Depois de passar pelo doloroso processo de implantação de sua prótese, Warren acorda no chão de um ferro velho infestado por drones. Antes que ele tenha a chance de compreender o que acaba de acontecer, um deles parece estar tentando arrancar a prótese mecânica de sua perna. Assustado, Warren pega um pedaço de ferro no chão para se defender do drone. Assim começa The Surge.
JOGABILIDADE
Após passar por uma pequena espécie de tutorial que mostra os comandos básicos do jogo, o jogador poderá escolher entre duas formas que afetarão seu estilo de jogo. A primeira opção é um exoesqueleto baseado em agilidade (Lince).
Esta opção deixará seu personagem com esquivas mais rápidas, porém com um poder de ataque menor e a segunda baseada em força (Rhino), esquivas mais lentas mas ataques poderosos. Independente da escolha, peças de ambas poderão ser implantadas no exoesqueleto (Exo-Suit) de Warren.
O Exo-Suit também permite implantes cibernéticos que aprimoram recursos como otimização da força super-humana, assim como habilidades passivas e itens de cura. Melhorar o Exo Suit ainda permite combinações quase infinitas de armaduras e armas, cada uma com seus próprios conjuntos de movimentos e finalizações. Mas falar do Exo-Suit e suas possibilidades não basta, é preciso falar do que realmente interessa, o combate.
O combate é desafiador e implacável. Será preciso estudar cuidadosamente seus inimigos, ao invés de correr feito um louco atacando de forma descuidada. Estudar seus padrões de ataque e suas partes desprotegidas para em seguida, golpear forte e rápido. Em The Surge, assim como em Lords of the Fallen ou Dark Souls, o mais fraco dos inimigos pode ser mortal.
Graças ao sistema de segmentação dinâmico, você pode mirar em membros específicos de seus oponentes para desmembrá-los, a fim de obter um loot do equipamento conectado ao segmento arrancado. E é aqui que mora o segredo do sistema de combate. Muitos inimigos não tem todas as partes do corpo protegidas, portanto podemos optar por atacá-los nesses pontos desprotegidos para eliminá-los mais rapidamente ou atacar uma parte específica que pode ter um loot importante para ser usado em nosso próprio Exo-Suit.
Equilibrar a necessidade de sobreviver com o desejo de obter novos equipamentos é fundamental para sobreviver no complexo CREO.
Mas, e sempre tem um “mas”, não basta apenas atacar, se defender também é preciso e exatamente por isso, Warren tem duas opções para não ser esquartejado por um bando de latas velhas psicóticas. É possível usar a defesa para evitar ataques mas a esquiva aqui também parece ser mais eficiente.
Independente do seu estilo de combate, tanto o ataque quanto a defesa estão limitados por uma barra de stamina. Como em Dark Souls e afins, será preciso administrar tanto sua barra de vida quanto a de stamina, já que, uma vez sem stamina, Warren ficará impossibilitado de realizar qualquer uma das ações por um curto período de tempo.
Outra coisa muito legal do combate são as execuções/desmembramentos dos inimigos. Após atacar a parte desejada do exo-suit inimigo, aparece a indicação (botão X) para executar o movimento para arrancar a parte desejada. E o movimento é mostrado em detalhe e um pouco mais lento.
É possível arrancar pernas, braços, cabeça e até, se você não fizer questão de levar pra casa nenhum desses, o tronco do pobre coitado. Cada parte arrancada que estiver protegida, pode dar um diagrama. Por exemplo, se arrancar um braço direito com uma armadura do conjunto Lince, você irá obter o diagrama dessa parte da armadura. Mas para usar essa parte no seu Exo-Suit, será preciso chegar até um save point e usar um local específico para construir essa parte para depois poder equipar. Assim também funciona com os upgrades e na troca de implantes cibernéticos.
Bom né? Derrotar inimigos vai dar uma quantidade de sucata, que funciona da mesma forma que as almas em Dark Souls. Se no game de Miyazaki as almas serviam para aumentar o nível do personagem alocando pontos em características específicas, em The Surge a coisa funciona um pouco diferente. A sucata acumulada é usada para aumentar a Energia (nível do personagem), mas aqui não existe a opção de alocar pontos.
A sucata é usada para “comprar” melhorias para as peças e armas do seu Exo-Suit, ou construir peças através de diagramas adquiridos dos membros arrancados dos inimigos. Algumas peças e upgrades só poderão ser adquiridos se, além do número de sucata necessária, houver as peças específicas. Essas peças podem ser achadas espalhadas pelo ambiente ou derrotando inimigos. Estas peças serão automaticamente trocadas ao acessar o painel de criação.
Também como em Dark Souls/Lords of the Fallen/Bloodborne/Nioh, morrer significa o respawn dos inimigos da área (excluindo obviamente os chefões) e a perda de toda a sucata acumulada, mas aqui há uma diferença. Ao perder toda a sucada que você suou tanto para acumular, um contador aparece e ele poderá ser recolhida em 2 minutos e meio. Se conseguir chegar ao local da morte antes do tempo acabar, a sucata poderá ser recolhida, caso contrário, já era.
Além disso, a sucata recolhida pode ser estocada. Portanto, se quiser explorar uma área desconhecida e não quiser arriscar sua preciosa sucata, basta estoca-la nas bases que servem como save point. Um outro detalhe diferente dos games citados acima. The Surge é para ser jogado sozinho. Não existe isso de invocar amigos pra ajudar a matar aquele boss ultra difícil.
O sistema de upgrade de The Surge é um pouco complexo, uma vez que para adquirir mais força ou pontos de defesa, será preciso não apenas aumentar seu nível de personagem mas também adquirir peças específicas e diagramas cada vez melhores.
A energia do Exo-Suit é diretamente ligada a fatores como número e tipo de armas/armaduras equipadas e a quantida e qualidade dos implantes cibernéticos equipados. quanto melhores forem esses componentes, mais energia será preciso para manter o Exo-Suit funcional.
GRÁFICOS E SOM
Nesse quesito, The Surge não surpreende mas também não decepciona. A ambientação é muito boa alternando entre ambientes externos muito bem detalhados e lugares claustrofóbicos escuros o suficiente para causar apreensão ao jogador. Já os efeitos de explosões, fogo, partículas, fumaça e iluminação deixam sempre a sensação de que poderiam ter sido mais caprichados.
Outra coisa que incomoda um pouco é o design dos inimigos que (não sei dizer se é de forma proposital ou não), muitas vezes se confundem com os detalhes do cenário. Já o design de armas e armaduras também não tem nenhum grande destaque mas, em se tratando da proposta do jogo, The Surge consegue entregar um bom nível gráfico.
Já as músicas conseguem fazer muito bem o seu papel levando o jogador a um outro nível de imersão. Em muitos momentos não escutamos nada além do que o barulho metálico do ambiente ou os passos de inimigos escondidos esperando a hora certa para nos surpreender.
Isso cria uma sensação de tensão no jogador que é ainda maior com uma trilha sonora que cria uma atmosfera de suspense. Em alguns momentos, lembra um pouco aquele clima tenso de Dead Space.
DESAFIO
Não há como falar no desafio do jogo sem comparar com a dificuldade de jogos como Dark Souls e Bloodborne. Pense nisso e você terá a idéia do nível de desafio que The Surge proporciona. Parece ser sim mais desafiador que Lords of the Fallen e o jogador vai realmente sofrer bastante para sobreviver ao jogo. Principalmente até conseguir entender exatamente a mecânica dos upgrades e aprender a selecionar corretamente implantes cibernéticos para cada situação.
Se o objetivo aqui era punir o jogador pelos seus descuidos ou por não estudar o padrão de ataque dos inimigos, The Surge atingiu seu objetivo com folga. E é a esse detalhe que a dificuldade do jogo se baseia. Aprenda a atacar no momento certo, recuar quando necessário e conheça cada canto do cenário explorando e encontrando atalhos que podem facilitar um pouco mais a vida de Warren.
Aliás morrer é uma coisa que vai se tornar rotineira a medida que o jogo avança. E isso, apesar de algumas vezes chegar a ser frustrante, não vai ser de tudo muito ruim, pois aprender com os próprios erros pode ser o grande segredo para sobreviver no jogo.
VEREDITO
The Surge consegue entregar algumas mecânicas refinadas e bem interessantes para o gênero Souls e não propriamente tenta uma mudança de direção mais radical para o estilo. O cenário de ficção científica e a mecânica de combate, especialmente falando do sistema de “escolher e decepar” membros inimigos dão um toque particularmente agradável.
Apesar de seus sistemas inteligentemente construídos para manter os jogadores morrendo e voltando para mais, depois de ver como o jogo pode punir severamente o jogador mais desatento e tomar uma verdadeira surra do primeiro chefe do jogo, preciso considerar que em alguns momentos (e são muitos) o jogo parece ser infernamente desafiador. Para os fãs de Dark Souls, acostumados com um jogo que pune duramente, isso pode ser um fator bem positivo. The Surge pode não chamar muita a atenção logo de cara mas, eu posso garantir, que ele vai muito além do que você imagina.
Prós
- Boa mecânica de combate
- Excelente nível de desafio
- Ambientação
Contras
- Sem modo co-op
- Design dos inimigos
- Sistema de upgrade confuso
The Surge pode ser adquirido através da Microsoft Store ou PSN por R$ 229,00 e da Steam por US$ 49.99.